Violentos confrontos entre cristãos coptas e militares tiveram início na noite desde domingo do lado de fora do prédio da televisão estatal, que fica perto do Rio Nilo, no Cairo. Vinte e quatro pessoas morreram e 150 ficaram feridas, informou um funcionário do Ministério da Saúde. Os cristão protestavam contra o recente ataque a uma igreja.
As fontes explicaram que os soldados mortos foram atingidos por tiros, e que ainda não se sabe a causa da morte dos civis.
A origem dos disparos não está clara, já que testemunhas coptas acusaram os "baltaguiya" (pistoleiros) de atirar nos manifestantes, versão contestada pela imprensa estatal, que garante que os religiosos abriram fogo contra os militares.
Dezenas de feridos foram levados para diversos centros médicos, principalmente para o Hospital Copta.
Veículos do Exército foram ao local para tentar conter os conflitos, os mais graves no Egito desde a revolução que pôs fim ao regime de Hosni Mubarak, em 11 de fevereiro.
O efeito do gás lacrimogêneo usado pelas forças de segurança pode ser sentido em grande parte do centro da capital egípcia, onde incessantemente foram ouvidas sirenes de ambulâncias transportando feridos.
Na praça Abdelmonem Riyad, próxima ao local dos confrontos, grupos de cristãos gritaram expressões de ordem como "com o espírito e o sangue nos sacrificamos pela cruz", e outros de muçulmanos cantaram lemas como "Alá é grande", em um ambiente de grande tensão, informou a agência estatal de notícias "Mena".
A manifestação começou no distrito de Shubra, norte do Cairo, então os participantes se dirigiram para o prédio da televisão, na margem do Nilo, onde homens à paisana atacaram os cristãos. Armados com pedaços de pau, eles expulsaram os cristãos do local batendo nas placas de metal das ruas para assustá-los. Não está claro quem eram os atacantes.
Barulho de tiros foi ouvido do lado de fora da emissora estatal de televisão, onde linhas de policiais com escudos tentavam impedir centenas de cristãos que gritavam "Este é o nosso país". As forças de segurança lançaram gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes.
Testemunhas disseram que alguns dos manifestantes podem ter roubado armas dos soldados e disparado contra os militares. Os manifestantes também lançaram pedras e garrafas contra os soldados. Os confrontos se espalharam para a Praça Tahrir, que fica nas proximidades, e na área ao redor, provocando um enorme congestionamento na já caótica cidade de 18 milhões de habitantes.
Os manifestantes disseram que o protesto começou como uma tentativa pacífica de ocupar o prédio da televisão, mas foram atacados por grupos de homens à paisana que jogaram pedras e fizeram disparos contra eles. "O protesto era pacífico. Nós queríamos realizar uma ocupação, como costumamos fazer", disse Essam Khalili, um manifestante que usava uma camisa branca com uma cruz desenhada. "Os grupos nos atacaram e um veículo militar subiu na calçada e atropelou pelo menos dez pessoas. Eu vi." Wael Roufail, outro manifestante, fez descrições semelhantes do ocorrido. "Eu vi o veículo ir atrás dos manifestantes. Então, eles abriram fogo contra nós", disse ele.
Khalili disse que os manifestantes atearam fogo a veículos do Exército quando os viram atingindo seus companheiros. Imagens mostradas pela televisão mostram alguns manifestantes coptas atacando um soldado, enquanto um sacerdote tenta proteger o militar.
Os cristão dizem que o conselho militar do Egito tem sido muito leniente com aqueles que realizam ataques contra cristãos desde a queda de Hosni Mubarak em fevereiro. A minoria cristã copta representa cerca de 10% da população do país, que tem mais de 80 milhões de habitantes. Enquanto o Egito passa por uma caótica transição no poder e um vácuo na segurança após o levante do início do ano, os cristão ficam cada vez mais preocupados com a demonstração de poder os islamitas ultraconservadores. As informações são da EFE e da Associated Press.
Governadores e oposição articulam derrubada do decreto de Lula sobre uso da força policial
Tensão aumenta com pressão da esquerda, mas Exército diz que não vai acabar com kids pretos
O começo da luta contra a resolução do Conanda
Governo não vai recorrer contra decisão de Dino que barrou R$ 4,2 bilhões em emendas