Pelo menos 21 pessoas morreram no confronto entre os grupos Fatah e Hamas, na Faixa de Gaza. Na manhã deste sábado (27), um militante e um estudante foram atingidos durante um tiroteio em frente à Universidade Islâmica da cidade de Gaza. Duas vítimas de conflitos anteriores também não resistiram aos ferimentos vindo a falecer. De acordo com os hospitais, o número de feridos já chega a 60.
Facções palestinas rivais entraram em confronto na sexta-feira na Faixa de Gaza, numa onda de explosões e tiroteios. Um grupo ligado à Fatah disse ter feito 24 reféns do Hamas.
É o maior número de mortos em uma única onda de violência entre os palestinos desde que o Hamas chegou ao poder há exatamente um ano.
As Brigadas dos Mártires de al-Aqsa disseram ter capturado seguidores do Hamas na Faixa de Gaza e na Cisjordânia e ameaçaram uma ``severa resposta'' se o grupo islâmico ferir um dirigente da Fatah cercado em Gaza.
Moradores ouviram tiroteios na noite de sexta-feira em Gaza (à tarde no Brasil), e forças do Hamas e da Fatah eram vistas nas ruas. Duas granadas de propulsão foram disparadas contra a sede da Segurança Preventiva da Fatah, na Cidade de Gaza.
A violência levou ao adiamento das negociações entre os dois grupos para a formação de um governo de coalizão, o que poderia amenizar o boicote norte-americano imposto desde que o Hamas chegou ao governo em janeiro do ano passado.
``O diálogo inteiro pode explodir'', disse Tawfiq Abu Koussa, porta-voz da Fatah, culpando o Hamas pela violência. ``Como pode continuar o diálogo quando há uma bomba embaixo da mesa?'', afirmou. As reuniões foram adiadas de sexta-feira para domingo.
Pelo menos oito seguidores do Hamas, um militante das Brigadas de al-Aqsa, cinco pessoas e uma criança morreram nos incidentes, que começaram com uma bomba na noite de quinta-feira e continuaram com vários tiroteios na sexta.
O Hamas prometeu vingança pela morte de seus membros e de um líder chamado Zuhair al-Mansi, que um porta-voz do grupo descreveu de ``crime grave''. Ele disse que não haverá misericórdia com os assassinos.
``Não pode haver diálogo com os assassinos. Não ficaremos algemados e não haverá misericórdia'', disse o porta-voz do Hamas Fawzi Barhoum.
Os confrontos coincidem com uma manifestação em que milhares de seguidores do Hamas marcavam o primeiro aniversário da vitória eleitoral do grupo islâmico, contra a Fatah.
Em Jabalya, no norte da Faixa de Gaza, homens do Hamas cercaram e depois invadiram a casa de Mansour Shalayel, dirigente da Fatah acusado de balear um membro do Hamas na manhã de sexta-feira.
Em Nablus, na Cisjordânia, os militantes das Brigadas de al-Aqsa desfilaram com jovens capturados e ameaçados como represália por eventuais ataques a Shalayel.
Um dos detidos leu a seguinte nota: ``Nós, os filhos do Hamas em Nablus, pedimos à força executiva (do Hamas) em Gaza que se retire das ruas de Gaza e não mate membros da Fatah em Gaza, porque nossas vidas estão ameaçadas''.
Mas uma fonte de segurança do Hamas disse que membros do grupo não sairão da casa de Shalayel.
Em Tulkarm, na Cisjordânia, desconhecidos alvejaram um funcionário do Hamas que saía da prece de sexta-feira, deixando-o gravemente ferido.
Cerca de 40 palestinos foram mortos em disputas internas desde que o presidente Mahmoud Abbas, da Fatah, anunciou no mês passado a convocação de eleições gerais antecipadas, devido à falta de acordo com o Hamas para a formação de um novo gabinete.