Centenas de supremacistas brancos e manifestantes antirracismo entraram em confronto nas ruas de Charlottesville, na Virgínia, na manhã deste sábado (12). Os dois grupos trocaram gritos, socos, arremessaram garrafas de água e dispararam sprays de pimenta uns contra os outros. Nos confrontos, houve um morto e 19 feridos.
Ativistas haviam marcado um protesto na cidade, chamado Unir a Direita, para a tarde deste sábado. As autoridades esperavam que 6.000 pessoas comparecessem.
No entanto, após os confrontos desta manhã, o governo da Virgínia declarou estado de emergência e proibiu o ato. A polícia passou a ordenar aos manifestantes que deixem as ruas. Ao menos uma pessoa foi presa.
Um carro atropelou uma multidão de manifestantes horas depois de ser declarado o estado de emergência. De acordo com autoridades da cidade, o incidente deixou vários feridos. Foi confirmada a morte de uma pessoa.
A polícia ordenou que as multidões se dispersassem quando cenas caóticas e violentas entraram em erupção em torno da cidade. Grupos entraram em confronto em lutas de braço, com bastões e jogaram caixas de jornais um ao outro. Alguns carregavam paus e escudos, e usavam capacetes.
Na noite de sexta-feira (11), Charlottesville também teve briga nas ruas. Carregando tochas, centenas de supremacistas brancos promoveram uma marcha com tochas e palavras de ordem contra imigrantes, negros, homossexuais e judeus.
Foi umas das maiores manifestações da extrema-direita vistas nos Estados Unidos nos últimos anos.
Grupos nacionalistas de extrema-direita iniciaram a caminhada em um parque e foram até o campus da Universidade da Virgínia, aos gritos de "Vocês não vão nos substituir", em referência aos imigrantes, e "Vidas brancas importam", uma alusão ao movimento que protesta contra a morte de negros por policiais, Black Lives Matter. Houve também demonstrações de orgulho nazista.
No caminho, encontraram outro grupo que protestava contra a ação ao redor de uma estátua do presidente Thomas Jefferson (1743-1826), fundador da universidade.
Os manifestantes contrários aos extremistas estavam em menor número e acabaram cercados. Houve ofensas verbais e confronto, que incluiu golpes com as tochas e uso de sprays de pimenta.
Os participantes dispersaram após a chegada da polícia. Algumas das pessoas feridas disseram que os guardas demoraram a agir.
Com 47 mil habitantes, Charlottesville virou alvo de extremistas após a administração local decidir retirar de um parque uma estátua do general Robert E. Lee (1807-1870) e remover outras homenagens a líderes confederados em locais públicos. O caso está na Justiça e a estátua, por ora, segue ao ar livre.
Durante a Guerra Civil nos EUA (1861-65), estados do Sul criaram uma confederação e lutaram para se tornarem independentes e manter o direito de ter escravos. Eles foram derrotados e seguiram sob controle de Washington. No protesto de sexta, muitos extremistas carregavam a bandeira da Confederação.
Grupos de extrema-direita alegam que o avanço de direitos para imigrantes e negros levaria à sua extinção.
Assista a um vídeo do momento em que um motorista atropoelou
Video of car hitting anti-racist protestors. Let there be no confusion: this was deliberate terrorism. My prayers with victims. Stay home. pic.twitter.com/MUOZs71Pf4
â Brennan Gilmore (@brennanmgilmore) 12 de agosto de 2017