Caracas Policiais metropolitanos e manifestantes contrários ao fim da concessão da RCTV se enfrentaram ontem à tarde nas ruas de Caracas. Os confrontos ocorreram quando faltavam poucas horas para o fim das transmissões da emissora oposicionista, marcado para as 23h59 locais (0h59 de Brasília).
O confronto ocorreu quando milhares de manifestantes tentavam chegar à sede da Comissão Nacional de Televisão (Conatel), órgão encarregado de administrar as concessões de rádio e tevê. A tropa de choque da Polícia Metropolitana, controlada pelo governo local chavista, impediu a aproximação montando barreiras com grades de metal, bombas de gás lacrimogêneo e jatos d'água.
Funcionários da emissora, sem esperança de um recuo de Chávez, deram adeus aos seus telespectadores com uma pauta especial, reunindo os melhores momentos e programas transmitidos pela emissora em seus 53 anos de existência
No centro da cidade, o governo do presidente Hugo Chávez patrocinou um ato com seis palcos para esperar as transmissões da Televisora Venezuelana Social (Tves), emissora recém-lançada por Chávez para ocupar o canal 2. A estréia estava prevista para a 0h15 de hoje, com a execução ao vivo do Hino Nacional venezuelano.
Em seguida, deveria ser transmitido o filme "Bolívar Eterno'', longa-metragem produzido pela Fundação Villa del Cine, estúdio estatal criado no ano passado para "combater a ditadura de Hollywood'', segundo Chávez.
O jornal de maior circulação do país, "Ultimas Noticias'', circulou ontem com sua capa envolta por um encarte da Tves, incluindo a programação. O destaque é a novela argentina "Padre Corage''.
Com o desaparecimento da RCTV, não haverá mais nenhuma emissora de tevê crítica a Chávez de alcance nacional. A única tevê abertamente oposicionista a partir de amanhã, a Globovisión, pode ser visto apenas em Caracas.
A concorrente da RCTV, Venevisión, do empresário Gustavo Cisneros, tem feito uma cobertura pró-Chávez. Na sexta-feira, a Conatel renovou sua concessão até 2012.
O fim da RCTV é rejeitado pela maioria da população, segundo institutos de opinião do país. No último levantamento, feito pela empresa Hinterlaces que previu a vitória eleitoral de Chávez no ano passado , o rechaço chega a 80%.