Um incêndio atingiu a maior usina nuclear da Europa, localizada em Zaporizhzhia, na região de Enerhodar, no sudeste da Ucrânia, depois que forças russas dispararam contra a instalação na madrugada desta sexta-feira (4) (horário local).
Em sua conta no Twitter, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, alertou para o risco de um acidente "dez vezes pior" que o ocorrido em Chernobyl. "O exército russo está disparando de todos os lados contra a central nuclear de Zaporizhzhia, a maior usina nuclear da Europa. O fogo já começou. Se explodir, será dez vezes maior que Chernobyl! Os russos devem cessar IMEDIATAMENTE o fogo e permitir aos bombeiros estabelecer uma zona de segurança!", escreveu Kuleba.
Segundo noticiou o The Guardian com base em informações do Serviço de Emergência da Ucrânia, no entanto, as condições de segurança contra radiação e incêndio na usina nuclear de Zaporizhzhya estariam "dentro dos limites normais".
Um porta-voz da usina disse à CNN que a unidade não sofreu nenhum dano crítico, porém, apenas um dos seis reatores estava em operação.
Em comunicado, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, acusou a Rússia de praticar “terrorismo nuclear”.
“Dirijo-me a todos os ucranianos, a todos os europeus a todas as pessoas que conhecem a palavra Chernobyl, que sabem quanto sofrimento e vítimas foram causados pela explosão daquela central nuclear. Foi um desastre global. Centenas de milhares de pessoas lutaram contra suas consequências. Dezenas de milhares de pessoas foram evacuadas”, afirmou.
A Casa Branca informou que o presidente americano, Joe Biden, conversou com Zelensky sobre a situação na usina.
"Ameaça à segurança global! Como resultado do contínuo bombardeio inimigo de prédios e unidades da maior usina nuclear da Europa, a usina nuclear de Zaporizhzhia está em chamas", escreveu o prefeito da cidade vizinha de Enerhodar, Dmitry Orlov, em sua conta no Telegram.
Alerta da Agência Internacional de Energia Atômica
Na quinta-feira (3), o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o argentino Rafael Grossi, já havia alertado e solicitado o fim imediato do uso da violência perto da usina. Em comunicado, a AIEA indicou que a Ucrânia havia informado Grossi, "em uma carta urgente", de uma batalha que estaria ocorrendo na cidade de Enerhodar, perto de Zaporizhzhia, e na estrada que leva à usina atômica.
Segundo Rossi, a autoridade reguladora ucraniana alertou que um grande número de tanques e infantaria russos “atravessaram o bloqueio” em direção à cidade de Enerhodar, a poucos quilômetros da usina nuclear de Zaporizhzhia, e que considerou a situação “crítica”.
Grossi “pediu a interrupção imediata do uso da força em Enerhodar e pediu às forças militares que operam lá que se abstenham da violência perto da usina nuclear”, destacou a nota.
O diretor-geral da agência acrescentou ainda que a AIEA está tentando fornecer o máximo de assistência possível à Ucrânia em sua tentativa de manter a segurança nuclear.
O país, atacado e invadido há oito dias pelo Exército russo, tem 15 reatores operacionais em quatro usinas atômicas, além da zona de exclusão de Chernobyl, onde há quatro reatores fechados. A Comissão Europeia informou que estava trabalhando em um “plano de contingência” caso a Rússia decidisse atacar uma dessas instalações.