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Os confrontos entre coptas (cristãos do Egito) e as forças de segurança causaram 24 mortes no Cairo no domingo (9) e reavivaram nesta segunda-feira (10) os temores de um agravamento das tensões religiosas e políticas em um país que enfrenta uma frágil transição desde a queda do presidente Hosni Mubarak.

O governo iniciou ao meio-dia desta segunda-feira, após um minuto de silêncio, uma reunião de emergência convocada pelo primeiro-ministro Essam Sharaf, que na noite anterior disse que o Egito estava em perigo.

Pelo menos 40 pessoas foram presas e mais 200 ficaram feridas na noite de domingo, afirmou um membro da segurança.

As Forças Armadas egípcias, no poder desde a renúncia de Mubarak em fevereiro, pediram que o governo investigue o ocorrido.

"O gabinete foi encarregado de formar rapidamente uma comissão investigadora para determinar o que ocorreu e adotar as medidas legais contra as pessoas cuja implicação nos acontecimentos seja provada", afirmou as Forças Armadas em um comunicado lido na televisão pública.

O comunicado foi transmitido após a reunião de crise do Conselho Supremo das Forças Armadas (CSFA).

O CSFA liderado pelo marechal Hussein Tantaui destacou que "segue assumindo a responsabilidade nacional de proteger o povo depois da revolução de 25 de janeiro" até que as Forças Armadas "entreguem o poder para uma autoridade civil eleita".

Este confronto, o mais sangrento desde a revolta que derrubou Mubarak, foi desencadeado durante uma manifestação de coptas cristãos que protestavam contra o incêndio de uma igreja em Asuan (sul).

Um toque de recolher foi decretado em vários bairros do centro da capital das 02h00 às 07h00 (00h00 às 05h00 GMT) para tentar restabelecer a calma.

A Bolsa do Cairo reagiu negativamente, caindo mais de 5% em sua abertura nesta segunda-feira. O mercado de ações perdeu 45% desde o início do ano, reflexo da crise econômica que afeta o país e os temores dos investidores sobre seu futuro político.

Na noite passada, o primeiro-ministro Essam Sharaf disse em um discurso que "a coisa mais perigosa que pode ameaçar a segurança da nação é jogar com a unidade nacional e provocar o confronto entre cristãos e muçulmanos".

"Nós não vamos ceder a estas conspirações perniciosas, e não aceitaremos retroceder", disse.

Em declarações reproduzidas previamente pela agência de notícias Mena, o primeiro-ministro considerou que se trata de uma "conspiração para afastar o Egito das eleições".

As primeiras eleições desde a queda de Mubarak estão previstas para o dia 28 de novembro.

Os cristãos coptas são discriminados em uma sociedade de maioria muçulmana e sofreram vários atentados nos últimos meses, entre eles um realizado no dia de Ano Novo contra uma igreja de Alexandria, onde 23 pessoas morreram.

O líder da igreja copta ortodoxa, o patriarca Shenuda III, disse nesta segunda-feira que "a fé cristã denuncia a violência". "Desconhecidos se infiltraram na manifestação e cometeram crimes contra os coptas", declarou o patriarca, citado pela agência de notícias Mena.

Em Washington, o presidente americano, Barack Obama, se disse "profundamente preocupado" com a situação no país africano.

"No momento em que os egípcios definem seu futuro, os Estados Unidos continuam a pensar que os direitos das minorias, incluindo os coptas, devem ser respeitados, e que todas as pessoas têm o direito de se manifestar pacificamente e de praticar livremente sua religião", acrescentou o porta-voz de Obama, Jay Carney.

A União Europeia manifestou sua preocupação com a repressão aos manifestantes cristãos no Cairo.

"Estou muito preocupado e muito alarmado com estes confrontos no Cairo", afirmou o ministro das Relações Exteriores britânico, William Hague, ao chegar a Luxemburgo para a reunião com os 26 ministros da União Europeia.

O presidente da Espanha, José Luis Rodríguez Zapatero, pediu que "as autoridades egípcias garantam os direitos dos cidadãos".

Madri "faz um apelo pela superação das divergências entre as comunidades para que o espírito da 'Primavera Árabe' se traduza em um futuro muito próximo na convivência democrática e pacífica", acrescentou em um comunicado.

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