Mais de 150 pessoas ficaram feridas na noite de domingo nas províncias ocidentais de Bursa e Istambul em confrontos entre os curdos e a população local, em incidentes que não se acalmaram até a madrugada de segunda-feira (horário local).
Em Gemlik, cidade da província de Bursa, centenas de curdos chegados das províncias do sudeste, no outro extremo do país, concentraram-se com a intenção de fazer uma manifestação, mas o governador de Bursa proibiu a concentração e os obrigou a voltar para casa.
Ao passar pela cidade de Bozuyuk, na província de Bilecik, a multidão apedrejou o comboio de 40 ônibus nos quais viajavam os curdos, o que fez com que dois deles colidissem e a estrada ficasse bloqueada.
Os curdos desceram de seus ônibus fazendo sinais de vitória e com fotografias de Abdulah Ocalan, o líder preso do Partido de Trabalhadores do Curdistão, PKK, enquanto que a população local seguia atacando-lhes com pedras. Após horas de distúrbios, que só terminaram com a chegada de reforços policiais, 70 curdos foram enviados a dependências policiais e foram trasladados a Ancara na manhã desta segunda-feira (horário local).
Segundo o governador de Bilecik, Moussa Colak, não houve nenhuma morte nos confrontos, mas foram contabilizados 144 feridos, dos quais 17 são policiais e sete soldados. Os curdos haviam escolhido a cidade de Gemlik para sua manifestação por ser a mais próxima da ilha de Imrali, onde Ocalan é o único réu da prisão, já que queriam protestar por suas condições de detenção.
Também em Istambul centenas de curdos se concentraram com a intenção de viajar para Gemlik para a manifestação, mas a polícia lhes impediu de abandonar a cidade, o que gerou distúrbios nos quais os curdos usaram bombas caseiras e pedras e a polícia respondeu com gás lacrimogêneo.
Estes incidentes deixaram vários feridos e detidos, além de um ônibus incendiado. O PKK de Abdullah Ocalan começou em 1984 uma revolta armada pela autodeterminação dos curdos que vivem nas províncias do sudeste, e esta guerra não declarada deixou 35 milmortos, até que Ocalan foi capturado em 1999.
A pedido de Ocalan, o PKK abandonou a luta armada, mas no ano passado retomou as armas, e os incidentes violentos se tornam cada vez mais freqüentes desde então.