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Revolta

Confrontos deixam mil feridos no Cairo

Jerusalém - Cerca de mil pessoas ficaram feridas em confrontos entre manifestantes e policiais no Cairo, nos mais graves incidentes no Egito desde a queda do ditador Hosni Mubarak, em fevereiro.

Os distúrbios começaram na noite de terça-feira, durante cerimônia em homenagem aos mortos pela repressão durante a Primavera Árabe.

Revoltados por terem sido barrados, parentes de vítimas enfrentaram a polícia, que reagiu com gás lacrimogêneo e golpes de cassetete. Os protestos se espalharam pela cidade e milhares de pessoas foram à praça Tahrir, que há cinco meses foi o epicentro da revolta contra Mubarak.

A polícia de choque cercou a praça para conter os protestos, mas não evitou a repetição das cenas de guerra na praça Tahrir do início do ano.

Arbitrariedade

Em uma mensagem publicada no Facebook, o Exército informou que nove pessoas foram presas e serão interrogadas por promotores militares. O número de feridos passa de mil, afirmou o Ministério da Saúde.

A prática de julgar manifestantes em tribunais militares é vista pela oposição como um símbolo da arbitrariedade da junta militar que assumiu o poder após a re­­núncia de Mubarak.

Os confrontos dos últimos dois dias são mais um sinal da volatilidade que vive o país, dirigido por um governo militar desacreditado, com a economia em baixa e mergulhado numa transição política de rumo incerto.

Marcadas para setembro, as eleições parlamentares estão em xeque, diante dos pedidos de partidos recém-formados por mais tempo para se organizar. O Exér­­cito diz que a votação será mantida.

A decisão agradou a Irmandade Muçulmana, que criou o Partido Justiça e Desenvolvimento para disputar as eleições.

Posto na ilegalidade na época de Mubarak, o movimento islâmico é um dos mais organizados do país e teme perder terreno caso a votação seja adiada.

Há poucos dias, ex-membros da ala jovem da Irmandade também formaram um partido mais liberal, batizado de Corrente Egípcia.

Cinco meses de instabilidade política afetaram gravemente a economia, e isso contribui para a impaciência geral com a transição.

O crescimento do país caiu pela metade e o desemprego está em 12%, pouco a mais que na época de Mubarak.

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