Pelo menos 20 pessoas morreram nesta quarta-feira (2) em protestos em frente ao Ministério da Defesa do Egito, em meio às eleições presidenciais do país. Os dois principais candidatos ao cargo mais alto do país suspenderam as campanhas para a votação de 23 e 24 de maio.
De acordo com manifestantes, por volta de 1h30 local (20h30 de terça-feira em Brasília), grupos de "baltaguiyas" (agitadores) atacaram com armas de fogo, pedras e coquetéis molotov o acampamento de salafistas (muçulmanos radicais) e revolucionários em frente à sede do ministério.
Centenas de jovens portavam paus e barras para se defender de um possível novo ataque, enquanto salafistas rezavam guiados pelo deputado islâmico Mamdouh Ismail.
A mobilização da polícia e do Exército impôs uma calma relativa, mas os estragos da batalha eram visíveis nas imediações do Ministério da Defesa, no Cairo.
Os salafistas formaram o acampamento na última sexta em protesto contra a decisão da Comissão Eleitoral de rejeitar a candidatura presidencial de Abu Ismail, mas agora a maioria dos manifestantes é contrária à Junta Militar, que governa o Egito desde a queda de Hosni Mubarak, em fevereiro de 2011.
Mortos
Fontes médicas e de segurança confirmam em 20 o número total de mortos nos choques. Até o momento, porém, só chegaram 11 corpos em hospitais da região.
A violência teve repercussões imediatas na cena política, com a decisão de três candidatos à presidência de suspender sua campanha eleitoral: os islamitas Abdel Moneim Abul Futuh e Mohammed Mursi, ligados à Irmandade Muçulmana, e o independente Khaled Ali, que estava no local dos enfrentamentos.
"A revolução deve continuar. Precisamos de uma solução revolucionária a esses incidentes", disse Ali à imprensa.
Outro dos candidatos à presidência, o ex-secretário-geral da Liga Árabe Amre Moussa, lamentou "o derramamento de sangue" e exigiu a proteção dos manifestantes.
Em comunicado, a Irmandade Muçulmana insistiu na necessidade de manter o calendário do pleito e da transferência de poder, e reiterou que o governo deve renunciar para que um novo Executivo, de caráter imparcial, supervisione as eleições.
Os dirigentes militares buscaram apaziguar esses temores com o anúncio de que cogitam abandonar o poder no dia 24 de maio, caso algum candidato alcançar a maioria absoluta já no primeiro turno das eleições.
Esta possibilidade foi mencionada pelo chefe do Estado-Maior, Sami Anan, durante uma reunião com alguns responsáveis políticos, segundo explicou à imprensa o deputado nacionalista Mustafa al Bakri.
Moraes eleva confusão de papéis ao ápice em investigação sobre suposto golpe
Indiciamento de Bolsonaro é novo teste para a democracia
Países da Europa estão se preparando para lidar com eventual avanço de Putin sobre o continente
Ataque de Israel em Beirute deixa ao menos 11 mortos; líder do Hezbollah era alvo