La Paz Pouco antes do início da "assembléia popular" em quatro do nove departamentos (Estados) bolivianos para decidirem sobre autonomia regional, pelo menos oito pessoas tinham sido feridas a bala em choques entre manifestantes favoráveis e contrários ao governo do presidente boliviano, Evo Morales. Pelo menos outras 20 tinham sido encaminhadas a hospitais por causa de ferimentos causados por paus e pedras.
Os maiores confrontos se registraram na periferia da cidade de Santa Cruz, no leste do país, onde os líderes locais esperavam reunir ontem à noite um milhão de partidários da autonomia da região. Outros três departamentos Tarija, Beni e Pando também realizaram assembléias populares ontem.
Um dos choques mais violentos se registrou na localidade de San Julián, depois que centenas de indígenas partidários de Evo bloquearam a estrada que dá acesso a Santa Cruz. Cerca de cem policiais foram enviados ao local e, depois de disparar granadas de gás lacrimogêneo, separaram os grupos rivais e desmantelaram o bloqueio.
O porta-voz do Comitê Cívico Pró-Santa Cruz, Daniel Castro, desmentiu que a entidade proporia na assembléia a independência do departamento em relação ao governo central, de La Paz. Segundo ele, o objetivo da assembléia era o de garantir que o resultado do referendo de 2 de julho no qual o "sim" saiu vencedor nos quatro departamentos fosse respeitado na Assembléia Constituinte que funciona em La Paz. Os partidários da autonomia temem que a bancada do governo majoritária na Constituinte manobre para limitar as atribuições que deveriam ser passadas aos governos departamentais.
Morales convocará os líderes políticos e regionais do país na segunda-feira para "obter um acordo político de união nacional", disse ontem o deputado Cesar Navarro. O encontro servirá para buscar um mecanismo de votação do novo texto constitucional que seja "flexível" e "garanta a conclusão" do fórum.