Vinte e nove pessoas foram mortas durante passeatas anti-governo neste sábado, enquanto milhares se reuniam em comícios de apoio às autoridades lideradas pelo Exército, sublinhando as voláteis divisões políticas no Egito três anos após a queda do presidente autocrata Hosni Mubarak.
Forças de segurança dispararam gás lacrimogêneo e até armas automáticas para o alto na tentativa de evitar que osmanifestantes opostos ao governo chegassem à Praça Tahir, coração simbólico do levante de 2011 que depôs o ex-comandante da aeronáutica.
À medida que a polícia procurava acalmar as ruas politicamente convulsionadas do Cairo, um carro-bomba explodiu perto de um acampamento policial na cidade de Suez, disseram fontes de segurança.
A explosão, seguida de uma intensa troca de tiros, deu a entender que as autoridades podem estar envolvidas em uma batalha de longo prazo com os insurgentes islâmicos, que vêm ganhando impulso, enquanto a violência crescente não prejudica a popularidade do general Abdel Fattah al-Sisi, cuja deposição do islamista Mohamed Mursi, primeiro presidente eleito do Egito, mergulhou o país no caos.
Ao invés de comemorar a queda de Mubarak, dezenas de millhares de egípcios se juntaram em Tahir para oferecer seu apoio a Sisi, em um evento orquestrado pelo Estado.
Uma banda marcial do Exército tocava enquanto ambulantes vendiam camisetas com a imagem do general.
Grandes cartazes e pôsteres mostravam Sisi com seus típicos óculos escuros no comício deste sábado. Algumas mulheres beijavam os pôsteres.
As exigências fundamentais da revolta de 2011 - liberdade e justiça social - só podiam ser ouvidas em protestos fora de Tahir, e logo foram silenciadas pelas forças de segurança.
A mania Sisi ressalta o desejo predominante por uma figura miltar com a qual os egípcios possam contar para estabilizar a nação.
Mas um fim à violência nas ruas não parece em vista. A televisão estatal citou uma autoridade do Ministério da Saúde segundo a qual 29 pessoas morreram em embates durante os protestos no Cairo e em outros locais.