Repercussão
Crise é acompanhada com atenção, afirma o governo brasileiro
Agência Estado
O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, disse que o governo brasileiro acompanha com atenção a crise de violência na Venezuela. "Lamentamos as mortes e a violência e esperamos que a normalidade se restabeleça. É importante nessa hora que prevaleça a calma e a moderação", disse o ministro. "Seguiremos acompanhando a situação na expectativa de que se estabeleça a normalidade no mais breve prazo possível".
Na segunda-feira, Patriota já havia declarado que o Brasil acata a decisão do Conselho Nacional Eleitoral, que declarou Maduro vencedor com 99,12% dos votos apurados. A presidente Dilma Rousseff ligou para o venezuelano no início da tarde para felicitá-lo pela vitória e assegurar o reconhecimento do processo eleitoral pelo Brasil.
Posse
O porta-voz do Itamaraty, embaixador Tovar Nunes, explicou que o Brasil acompanha com atenção o processo e que espera-se que não haja problemas maiores. Ainda não há uma definição sobre o possível envio de um representante brasileiro para a posse de Maduro, no dia 19. Caberá ao Palácio do Planalto decidir se envia alguém além do embaixador brasileiro em Caracas, José Antônio Marcondes de Carvalho.
Pelo menos sete pessoas morreram e 61 ficaram feridas em episódios de violência pós-eleitoral envolvendo governistas e opositores na Venezuela, segundo o governo. Os conflitos se iniciaram na segunda-feira e aumentaram ainda mais a tensão no país, dividido após a eleição que no último domingo levou o chavista Nicolás Maduro à presidência.
De acordo com a rede de televisão estatal, o ministro de Comunicação venezuelano, Ernesto Villegas, responsabilizou o candidato derrotado, Henrique Capriles, "pelos danos que sucederam (às eleições) e por qualquer outro cenário de violência que possa acontecer no país". Mais tarde, o presidente eleito acusou a Embaixada dos Estados Unidos em Caracas de financiar os protestos e os atos de violência.
A tensão aumentou depois que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) proclamou Maduro, herdeiro político de Hugo Chávez, vencedor da eleição por uma margem de 1,77 ponto porcentual sobre Capriles. A estreita margem levou o oposicionista a dizer que só reconhecerá a derrota nas urnas se houver uma recontagem voto a voto. O conselho descartou recontar os votos.
Capriles chegou a convocar para hoje uma passeata para que seus correligionários exigissem do CNE a recontagem dos votos, mas cancelou a marcha no fim da tarde. "Não vamos nos mobilizar", disse depois de insistir que o governo está por trás dos atos de violência que afetaram alguns lugares do país. "Amanhã, aquele que sair estará do lado da violência, estará fazendo o jogo do governo (...) o governo quer que ver mortos no país", afirmou. Capriles pediu que, ao invés da passeata, sejam feitos novos "panelaços" no resto da semana.
Desafio
Horas antes, Maduro advertiu que o governo não permitiria a realização do protesto. "A passeata não será permitida", declarou o presidente eleito. "Com a mão dura, vou fazer frente ao fascismo, à intolerância. Se querem me derrubar, estou aqui. Venham me pegar", desafiou Maduro.
Depois disso, o presidente eleito acusou os EUA de fomentarem a tensão pós-eleitoral no país. "A embaixada financiou e dirigiu todos os atos de violência", declarou Maduro à televisão estatal. "A Embaixada dos Estados Unidos financiou esses grupos neonazistas", prosseguiu. "Este país não pode ser governado pela burguesia, (...) assassina desse jeito", disse.
Pouco antes da acusação de Maduro, o governo dos Estados Unidos alegou não estar "em condições" de parabenizar o candidato governista por sua vitória e qualificou como "difícil de explicar" a decisão do CNE de proclamá-lo vencedor sem a realização de uma recontagem dos votos.
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