A primeira jornada da greve geral de 72 horas na Bolívia, viabilizada para exigir melhores salários ao presidente Evo Morales, foi marcada por violentos confrontos entre manifestantes e policiais em torno da Praça Murillo de La Paz, onde se encontra o Palácio de Governo e o Parlamento.
Veja fotos do protesto na Bolívia
Milhares de manifestantes, principalmente estudantes universitários e médicos, tentavam dominar a praça lançando bombas caseiras contra as barricadas dos agentes antidistúrbios, que respondiam com gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral.
Segundo a imprensa local, vários universitários foram feridos ou acabaram desmaiando por causa do gás, enquanto o vice-ministro de Regime Interior, Jorge Pérez, informou que pelo menos dois policiais foram atingidos por estilhaços das bombas de dinamite.
Os confrontos violentos foram iniciados pouco depois que o secretário de Estado espanhol de Cooperação Internacional para região ibero-americana, Jesús Gracia, abandonasse a Praça Murillo após se reunir com o ministro boliviano das Relações Exteriores, David Choquehuanca, na sede da Chancelaria, que também fica situada nesta mesma área.
Gracia, que chegou nesta madrugada a La Paz para revisar a cooperação e os investimentos espanhóis na Bolívia, deverá voltar à Praça Murillo para se reunir com Morales. No entanto, os arredores da praça ainda estão bloqueados pelos manifestantes.
A visita de Gracia estava prevista antes mesmo que Morales expropriasse a filial boliviana da Red Eléctrica de España, a REE, alegando uma suposta falta de investimentos, fato que a empresa não concorda.
Em outras regiões da Bolívia, como a cidade de Potosí, estudantes de medicina detonaram cargas de dinamite na entrada principal do prédio do governo e também quebraram vidros e balcões do edifício.
Na cidade de Santa Cruz, um grupo de médicos bloqueou a entrada do aeroporto internacional de Viru Viru, o principal do país, e fechou as estradas que seguem em direção à Argentina.
As mobilizações e os bloqueios desta quarta reuniram diversos setores, entre eles os mineiros, que detonaram dinamites em várias cidades bolivianas.
Já a greve geral, que foi convocada pela Central Operária Boliviana (COB) - a maior organização sindical do país -, não contou com apoio de todas as classes de trabalhadores.
A adesão foi maciça entre os médicos e os trabalhadores da saúde pública, que estão há sete semanas protestando contra um decreto assinado por Morales. A medida estipula um aumento na jornada de trabalho, de 6 para 8.
O vice-ministro Pérez denunciou "os atos deliquentes que estão sendo evidenciados com interesses políticos".
"Há um motivo político por trás destas mobilizações e não podemos permitir isso", acrescentou.
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