Kinshasa - Minerais fabulosos. Música magnífica. Culinária maravilhosa. Uma paisagem que vai de viçosas florestas tropicais a montanhas com aparência suíça. Mas a população ainda é duramente afetada pela violência e pela miséria, meio século depois da independência da Bélgica.
O governo da República Democrática do Congo comemorou em 30 de junho, com muita pompa e circunstância, o 50.º aniversário de sua independência. A lista de convidados incluiu o rei da Bélgica, Alberto II, e o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon.
Mas o povo deste vasto país da África Central que continua a lutar para sobreviver pergunta: "Por quê?" Algumas pessoas chegaram a boicotar as comemorações no leste do país, onde rebeliões armadas brutais forçaram 250 mil pessoas a deixarem suas casas e pelo menos 8.300 estupros foram cometidos no ano passado.
Um sinal de subdesenvolvimento é o fato de um país enorme, do tamanho do Leste Europeu, ter apenas 500 quilômetros de estradas pavimentadas.
História
O país foi criado em 1885 pelo rei belga Leopoldo II, que recrutou o explorador Henry Morton Stanley para fazer uma expedição secreta para criar um Estado no coração da África um que fosse "80 vezes o tamanho da Bélgica".
O Estado Livre do Congo foi um caso único entre as colônias, já que era propriedade privada do rei da Bélgica. A memória do rei é eternamente manchada pelas depredações cometidas pelas companhias que fizeram do monarca um milionário. Primeiro, o Congo forneceu marfim, depois látex das seringueiras nativas, produto cuja demanda aumentou após a invenção do pneu de borracha.
Com a saída da Bélgica, teve início a ditadura de 32 anos de Mobutu Sese Seko, um líder pró-Ocidente visto como um baluarte contra o comunismo. Mobutu conseguiu controlar o país, que ele renomeou como Zaire, e acumulou uma fortuna pessoal estimada em US$ 5 bilhões enquanto fortalecia a corrupção que continua a amaldiçoar o país
Em 1997, uma aliança de rebeldes invadiu o palácio do governo e depôs Mobutu. Laurent Kabila, o pai do atual presidente do Congo, tomou o poder. Então, o genocídio na vizinha Ruanda transbordou as fronteiras e uma batalha regional teve início pelo controle dos vastos recursos naturais do Congo. Elas incluem 30% das reservas mundiais de cobalto e 10% das reservas de cobre.
Quatro milhões de pessoas morreram na guerra, a maioria por causa da fome e de doenças. O país entrou numa desordem tão grande que, mesmo agora, o Comitê Internacional de Resgate estima que cerca de 45 mil pessoas morram, a cada mês, principalmente de fome e em decorrência de doenças como aids e malária.
Kabila foi posteriormente assassinado e substituído por seu filho, Joseph, que continua no poder após vencer uma eleição realizada em 2006.