No Capitólio, em Washington, congressistas que diziam estar perto de um acordo se afastaram dele mais uma vez ontem| Foto: Jonathan Ernst/Reuters

Episódio

Os EUA deram um calote de US$ 120 milhões da sua dívida em 1979.

• Aviso

Detentores de uma T-bill que vencia em 26 de abril de 1979 foram informados pelo Tesouro americano de que não seria possível realizar o pagamento para investidores individuais no prazo. Também houve atraso no pagamento de notas que venceram em 3 e 10 de maio daquele mesmo ano.

• Falhas

Segundo o governo alegou na ocasião, o atraso foi resultado da enorme participação de pequenos investidores e de falhas no equipamento que processava os cheques de pagamento. Mesmo assim, tudo isso só ocorreu porque um impasse no Congresso fez com que a aprovação da elevação do teto da dívida ocorresse somente no último minuto, o que acabou provocando uma reação em cadeia.

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Negociação emperra com planos opostos

A solução para o impasse orçamentário que ameaça provocar um calote dos EUA ficar mais distante ontem porque a Câmara e o Senado estavam trabalhando com planos diferentes para elevar o teto da dívida e reabrir o governo federal.

Enquanto os líderes do Senado dão os toques finais em um plano bipartidário que eleva o teto da dívida até 15 de fevereiro, os republicanos da Câmara consideram uma nova iniciativa, que evita um calote, mas acrescenta termos que sofrem a oposição de democratas e da Casa Branca.

No entanto, horas após terem revelado sua mais recente proposta, os líderes republicanos da Câmara mostraram incerteza em relação a levar o texto para votação no plenário, uma vez que ele não deve ter apoio suficiente para ser aprovado. Um assessor republicano disse que os líderes estão fazendo mudanças no projeto após terem recebido sugestões de diversos parlamentares. "Alguns sugeriram mudanças específicas sobre uma série de questões que podem aumentar o apoio e os líderes estão discutindo essas sugestões agora", afirmou.

Antes mesmo de o projeto republicano ser oficialmente apresentado, ele já foi rejeitado pela Casa Branca. "O presidente já disse repetidamente que membros do Congresso não podem exigir resgate para cumprirem suas responsabilidades básicas de aprovar o Orçamento e pagar as contas do país", diz o comunicado. O texto também faz críticas à mais recente proposta dos republicanos, dizendo que é uma tentativa de agradar o pequeno grupo conservador Tea Party.

Agência Estado

Republicano Boehner sofre pressão dos radicais do Tea Party

A Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, liderada pelos republicanos, não conseguiu ontem entrar em acordo sobre um plano capaz de eliminar a ameaça de um calote do governo. Uma nova tentativa será feita hoje.

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A pouco mais de 36 horas para o prazo estabelecido pelo Departamento do Tesouro americano para que o governo atinja seu limite legal de endividamento, crescem os receios dos investidores sobre um possível calote do país – mas ele não deve ocorrer automaticamente nesta data.

Desde maio, o Tesouro vem adotando medidas contábeis extraordinárias para evitar que o teto da dívida, atualmente em US$ 16,7 trilhões, seja atingido. Levando em conta suas projeções de gastos e receitas, o departamento estimou que o limite de endividamento, ou seja, sua capacidade de tomar novos empréstimos, será atingido no dia 17 de outubro. Após essa data, é certo que o governo não terá mais como rolar sua dívida, mas ainda ficará com cerca de US$ 30 bilhões em caixa.

Segundo analistas, o dinheiro que vai sobrar no caixa do Tesouro seria suficiente para pagar o serviço da dívida por alguns dias. Existem pelo menos três vencimentos de títulos do governo neste mês que estão no foco dos mercados: 17, 24 e 31 de outubro.

Não está claro se o governo pode ou mesmo quer continuar pagando o serviço da dívida a partir do dia 17. O secretário do Tesouro, Jacob Lew, diz que os sistemas do departamento não têm como permitir que o governo pague determinadas dívidas em detrimento de outras. Ele foi questionado por parlamentares se seria possível pagar o serviço da dívida, evitando assim um calote, e adiar o pagamento de outras obrigações, como por exemplo benefícios da Previdência Social.

Lew esclareceu que a estimativa de que o governo atingirá o limite legal de endividamento em 17 de outubro é apenas uma previsão. Segundo ele, há um risco real de erro no cálculo do prazo para atingir o teto da dívida, porque não é possível determinar com exatidão quais serão os gastos e receitas da administração federal.

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Mesmo que o Tesouro atrase em algumas horas ou dias o pagamento de cupons ou do principal de sua dívida, isso não é considerado automaticamente um calote pelas agências de classificação de risco. Essa classificação seria usada somente se o governo avisar oficialmente seus credores de que não conseguirá honrar seus compromissos a tempo.

Medidas

As medidas extraordinárias que estão sendo adotadas pelo Tesouro dos EUA para evitar que o teto da dívida seja atingido são paliativas. O secretário do Tesouro, Jacob Lew, disse que a estimativa de que o governo americano atingirá o limite legal de endividamento em 17 de outubro é apenas uma previsão.