Evo Morales promulgou a lei eleitoral frente à milhares de partidários em La Paz| Foto: Aizar Raldes / AFP Photo

O presidente da Bolívia, Evo Morales, suspendeu sua greve de fome na madrugada desta terça-feira (14), apenas alguns minutos depois de receber a notícia de que o Congresso de seu país havia aprovado uma nova lei eleitoral que ratifica as eleições gerais de dezembro próximo com um novo padrão. Frente a milhares de partidários, ele promulgou nesta terça-feira a lei.

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A concentração em La Paz marcou também o início da campanha da situação, ainda que Morales não tenha confirmado se concorrerá. Mas o presidente teve que ceder à exigência da oposição de refazer o padrão eleitoral de quase quatro milhões de eleitores, em uma corrida contra o tempo até dezembro, ao custo de US$ 30 milhões.

O mandatário, que iniciou o protesto na última quinta-feira com o intuito de pressionar pela aprovação da legislação, agradeceu às organizações sindicais que apoiaram seu protesto.

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"O povo não deve se esquecer que os processos de mudança se conseguem com luta. Sozinhos não podemos assegurar este processo revolucionário, mas com a força do povo ele é possível", declarou Morales numa entrevista coletiva concedida na madrugada desta terça-feira, ao lado de 13 dirigentes sindicais que o acompanharam na greve de fome em uma sala do palácio do governo.

A lei aprovada depois de vários dias de disputa confirma as eleições para 6 de dezembro. Apesar de não ter anunciado se será candidato ou não, Morales, o primeiro indígena a tornar-se presidente da Bolívia, figura como favorito a uma eventual reeleição diante de uma oposição debilitada.

A nova lei cria oito cadeiras no Congresso para povos indígenas minoritários e pela primeira vez permitirá o voto dos bolivianos no exterior.

A sessão durante a qual a lei foi aprovada estendeu-se por quase 10 horas, terminando às 4h locais desta terça-feira.

Durante a greve de fome, Morales mastigava folhas de coca, tomava água e chá de camomila, mas não deixou de comparecer a eventos públicos, apesar das ordens médicas para que repousasse. O líder perdeu vários quilos durante o protesto. Nesta terça-feira, parecia esgotado e com uma cara um pouco mais enxuta.

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Morales saiu vitorioso de quatro consultas populares desde sua eleição com 54% dos votos, em 2005. Porém o governo foi abalado por escândalos de corrupção e pela crise internacional, acompanhada da queda das rendas com o gás e os minerais, os principais produtos de exportação do país.

Em suas aparições públicas, Morales insiste na necessidade de vencer com 70% dos votos, para controlar a Assembleia Legislativa. O Senado, dominado pela oposição conservadora, bloqueou várias das iniciativas governamentais.

Um estudo de uma organização independente disse que a lei eleitoral inclina a balança a favor do voto na área rural, reduto de Morales, enquanto 65% da população vive em cidades. Além disso, pela primeira vez poderão votar bolivianos que vivem no exterior, a maioria na Argentina, inclinados ao presidente. Cerca de 300.000 bolivianos vivem atualmente no exterior.

CORRUPÇÃO NA YPFB - Nesta terça-feira, as autoridades bolivianas anunciaram a prisão de um ex-presidente da estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB), Guillermo Aruquipa, acusado de corrupção. Aruquipa é o segundo ex-dirigente da empresa detido sob acusações de corrupção. Aruquipa havia deixado o cargo há duas semanas, após uma comissão de fiscais ter descoberto irregularidades em um contrato com uma prestadora de serviços da YPFB.

Em fevereiro deste ano, o então presidente da YPFB, Santos Ramírez, foi afastado do cargo e detido, após terem sido detectadas irregularidades em um contrato de US$ 86 milhões. As informações são da Associated Press.

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