O Congresso boliviano buscará com urgência um acordo político antes de votar, provavelmente nesta sexta-feira (10), a convocação de um referendo para aprovar a nova Constituição indigenista-socialista impulsionada pelo presidente Evo Morales.
A convocação para a sessão do Congresso, que tem o referendo como único tema na agenda, foi publicada nesta quarta-feira pelo vice-presidente Alvaro García, apenas horas depois que Morales conseguiu um compromisso com líderes legislativos do governo e da oposição para buscar um acordo.
A lei de convocação ao referendo deve ser aprovada por dois terços dos presentes na sessão bicameral, o que obriga o Governo, com ampla maioria de deputados, a entrar em acordo com pelo menos uma parte da oposição, que controla o Senado.
A situação colocou novamente em evidência a aliança de direita chamada Podemos, principal força de oposição do país, que condicionou seu apoio ao referendo a uma revisão de grande parte da nova constituição, além da modificação do capítulo sobre as autonomias, acertado no fim de semana passado entre o governo e as regiões.
"Foi decidido abrir um espaço de tempo para que possamos ter a oportunidade de discutir nossas principais diferenças sobre o projeto de Constituição", disse o presidente do Senado, o opositor Oscar Ortiz, depois de seu encontro na terça-feira com o presidente boliviano.
Morales, que teve seu mandato ratificado em agosto por mais de dois terços dos votos em um referendo de mandatos, disse que autorizou uma negociação no Congresso sobre o texto constitucional "pela unidade do país".
"Escutei as vozes dos parlamentares, especialmente do setor da oposição. É claro que, com algumas observações, sinto que jamais haverá consenso, mas, superadas as diferenças, temos que garantir a convocação para aprovar a nova Constituição", disse Morales, segundo a agência estatal ABI.