A direita espanhola conseguiu nesta quarta-feira (11) que o Congresso reconhecesse o ex-candidato antichavista Edmundo González Urrutia como presidente eleito da Venezuela, enquanto o chefe do governo da Espanha, o socialista Pedro Sánchez, mantém seu compromisso com uma solução negociada para que seja estabelecida a vontade das urnas.
A crise na Venezuela e a chegada de González Urrutia à Espanha, onde se encontra desde domingo (8) para pedir asilo político, entrou plenamente na agenda política espanhola, a ponto de ter revelado as diferenças entre os partidos progressistas e nacionalistas que compõem o bloco que apoia o governo Sánchez.
O conservador Partido Popular (PP), líder da oposição, conseguiu fazer sua proposta avançar com 177 votos a favor, provenientes da direita e de grupos nacionalistas, inclusive os bascos, aliados habituais dos socialistas, que permaneceram em minoria com os seus parceiros da esquerda.
Embora a proposta não legislativa aprovada hoje não tenha significado jurídico, trata-se de um golpe de efeito.
A iniciativa também pede o fim da repressão aos protestos, a libertação dos presos políticos e que se contribua para a segurança pessoal da líder opositora María Corina Machado e do próprio González Urrutia, ao mesmo tempo em que solicita que o Executivo espanhol lidere o reconhecimento do opositor nas instituições europeias, com o objetivo de que tome posse como presidente da Venezuela em 10 de janeiro de 2025.
A votação aconteceu depois de um duro debate que se prolongou por horas nesta terça-feira e no qual a direita acusou o Executivo de Sánchez de não reconhecer González Urrutia para favorecer o ditador Nicolás Maduro, enquanto centenas de venezuelanos se manifestavam em frente ao Parlamento exigindo o reconhecimento do candidato anti-chavista.
Unidade europeia
Sánchez, ausente do debate porque termina hoje uma viagem oficial à China, explicou que a Espanha não reconhecerá González Urrutia como presidente eleito nesse momento, mas trabalhará por uma unidade na União Europeia (UE) que permita uma margem de mediação até o final do ano em busca de uma saída.
O presidente do governo espanhol reforçou que o asilo ao líder antichavista “não deixa de ser um gesto de humanidade, de compromisso humanitário da sociedade espanhola e do governo para com uma pessoa que infelizmente sofre perseguição e repressão”.
Além disso, ressaltou que o governo espanhol não reconheceu a vitória de Maduro e solicitou a todo o momento a publicação das atas eleitorais em Caracas.
A decisão do Parlamento espanhol caiu como um balde de água fria sobre Maduro, que na terça-feira criticou Madri e pediu à sua vice-presidente executiva, Delcy Rodríguez, que mostrasse ao ministro das Relações Exteriores espanhol, José Manuel Albares, a Ata da Independência de 1811 “para que saiba” que o país caribenho é independente da Espanha.
As instituições chavistas declararam Maduro o vencedor das eleições de julho, embora tenham se recusado a mostrar os registros eleitorais que a comunidade internacional exige e que, segundo a oposição, mostram uma vitória retumbante de González Urrutia.
Em uma mensagem lida ontem por sua filha em Madri, González Urrutia fez um apelo à comunidade internacional para que redobre o compromisso com a democracia na Venezuela e prometeu lutar “até o fim”.
O prazo para negociar uma solução para a crise venezuelana termina no final do ano, uma vez que o novo presidente do país sul-americano deve tomar posse em janeiro.
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