Três das principais universidades dos EUA - Harvard, Universidade da Pensilvânia e o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) - são investigadas pelo Congresso americano após a repercussão negativa de uma audiência sobre antissemitismo, que aconteceu no Capitólio, na qual os presidentes das instituições supostamente relativizaram se os protestos estudantis pedindo o genocídio dos judeus correspondem a assédio e violam suas políticas internas. Membros do Comitê de Educação e Força de Trabalho abriram uma ação, nesta quinta-feira (7), para investigar o caso.
Na terça-feira (5), as direção das três universidades de elite se reuniram para discutir o aumento do antissemitismo no campus desde o início da guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, milícia que massacrou o território vizinho no dia 7 de outubro, assassinando milhares de civis e sequestrando outras centenas.
As lideranças foram questionadas durante a audiência na Câmara dos Representantes se os ativistas estudantis a favor dos palestinos e contra a defesa israelense, que apelavam ao “genocídio judaico”, violaram os códigos de conduta sobre assédio das instituições. Todas se esquivaram nas respostas, alegando que isso dependeria do contexto das ações. Para elas, apelar ao genocídio dos judeus só violaria as políticas internas se levasse indivíduos a serem intimidados.
Após a repercussão negativa, sendo alvo de críticas até da Casa Branca, a presidente de Harvard, Claudine Gay, esclareceu seu discurso na quarta-feira (6), dizendo por meio de um comunicado que os críticos estavam "confundindo o direito à liberdade de expressão com a ideia de que Harvard tolerará apelos à violência contra estudantes judeus”.
No entanto, durante a reunião com o Congresso, ela foi questionada especificamente se “apelar ao genocídio dos judeus” vai de encontro ao código de conduta de Harvard, ocasião na qual se recusou a responder enfaticamente em sentido afirmativo. Na resposta, ela apenas disse: “Quando a fala se transforma em conduta, agimos”.
A presidente da Universidade da Pensilvânia, Elizabeth Magill, também se recusou a dar uma resposta direta sobre o assunto. “É uma decisão que depende do contexto”, respondeu.
Por meio de um vídeo, Magill afirmou posteriormente que deveria ter se concentrado no “fato irrefutável de que um apelo ao genocídio do povo judeu é um apelo a algumas das mais terríveis violências que os seres humanos podem perpetrar”.
Já a presidente do MIT, Sally Kornbluth, disse na audiência que a linguagem que apela ao genocídio dos judeus "só seria investigada como assédio se fosse generalizada e severa”.
“Após o testemunho patético e moralmente falido desta semana de presidentes de universidades ao responderem às minhas perguntas, o Comitê de Educação e Força de Trabalho está lançando uma investigação oficial do Congresso com toda a força do poder de intimação contra Penn, MIT, Harvard e outros”, declarou a congressista republicana Elise Stefanik ao anunciar a investigação.
O caso rendeu críticas até mesmo do presidente democrata Joe Biden, que condenou as respostas dos representantes universitários. “É inacreditável que isso precise ser dito: os apelos ao genocídio são monstruosos e antitéticos a tudo o que representamos como país”, disse um porta-voz do presidente em um comunicado.
Desde que Israel iniciou sua ofensiva contra as atrocidades cometidas pelo Hamas em 7 de Outubro, os EUA observaram um crescimento do antissemitismo no país, principalmente por parte de grupos estudantis. As manifestações incluíram apelos à eliminação do Estado judeu e estudantes judeus relataram terem sido assediados ou temerem por sua segurança.
Algumas instituições de elite do país enfrentam ações legais devido à omissão em se posicionar sobre os episódios e perderam doações de defensores judeus quando demonstraram um ativismo no campus, levando algumas a suspender grupos envolvidos em ações de intimidação aos estudantes judeus. No caso das três universidades investigadas, nenhuma suspendeu tais grupos, até o momento.
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