Democratas e alguns moderados republicanos criticaram na quinta-feira o plano do presidente George W. Bush de enviar mais tropas norte-americanas ao Iraque, o que deixa a Casa Branca cada vez mais isolada na sua decisão de aprofundar o envolvimento dos EUA numa guerra tão impopular.

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Bush e sua equipe tiveram dificuldades para convencer o Congresso, agora controlado pelos democratas, e a cética opinião pública de que o envio de 21,5 mil soldados a mais ajudará o precário governo iraquiano a retomar o controle de Badgá.

A secretária de Estado, Condoleezza Rice, insistiu que a nova estratégia de Bush dá mais ênfase à necessidade de os iraquianos cuidarem da própria segurança, o que seria essencial para uma eventual retirada norte-americana.

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Os democratas, que querem uma desocupação gradual a partir deste semestre, foram rápidos em desqualificar o plano de Bush. Diante da presença de Rice, na Comissão de Relações Exteriores do Senado, seu presidente, o democrata John Biden, pré-candidato à Presidência da República em 2008, disse que a estratégia é ``um erro trágico''.

Até alguns republicanos aderiram às críticas. O senador Chuck Hagel, outro pré-candidato à Casa Branca, disse que o plano de Bush é ``a tolice de política externa mais perigosa neste país desde o Vietnã''.

Na Casa Branca, o secretário de Defesa, Robert Gates, disse que o novo contingente será levado aos poucos, ``sem um Dia D'', e talvez nem seja completamente enviado, caso o governo iraquiano não faça sua parte no trato.

Gates disse que ele não sabia quanto tempo as tropas adicionais irão permanecer no Iraque, mas que acredita que será ''uma questão de meses, não de 18 meses ou dois anos.''

O influente senador republicano John McCain aprovou o envio de mais tropas, mas foi cauteloso. ``Não garanto a vitória ou o sucesso com esta nova estratégia. Se falharmos, haverá caos na região, e acredito que pagaríamos um preço ainda mais pesado em sangue e (dinheiro) norte-americano'', afirmou.

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Pesquisa ABC News-Washington Post, feita após o pronunciamento de Bush, mostrou que 61 por cento dos norte-americanos são contra o plano, enquanto 36 por cento o apóiam.

Rice afirmou que o governo vai dar algum respiro ao primeiro-ministro do Iraque, Nuri Al Maliki, depois das duras palavras dirigidas a ele por Bush. Ela embarca na sexta-feira para o Oriente Médio, mas não deve ir a Bagdá.

``O presidente foi bastante duro ontem à noite e será bastante duro hoje. Dêem a eles um tempinho agora para fazer alguma coisa'', afirmou.

Já Bush foi defender o plano diante de uma audiência mais receptiva, num quartel da Geórgia.

No Iraque, por outro lado, o clima era de ceticismo entre a população, num momento em que Maliki promete combater insurgentes e milícias não só da minoria sunita, mas também da sua maioria xiita.

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Rice admitiu que o governo iraquiano ``não cumpriu'' as expectativas nos seus sete meses de existência. ``Eles têm de ser organizar imediatamente, e estão (se organizando).''