Em uma demonstração de força da Casa Branca, o Congresso americano irá votar, nesta terça (19), a versão final da reforma tributária do presidente Donald Trump, que baixa o imposto de empresas, mas deve provocar um aumento das alíquotas para a classe média no médio prazo.
A expectativa é de que a lei seja aprovada, na primeira reforma tributária dos Estados Unidos em 30 anos.
Será uma vitória significativa para Trump, depois de ter fracassado ao tentar derrubar o Obamacare e ver a maioria republicana no Senado ser reduzida a uma cadeira, com a eleição de um democrata no Alabama na semana passada.
O texto já foi votado na Câmara e no Senado, mas uma versão final ainda precisa ser consolidada na sessão desta terça. A Câmara deve começar a votação por volta das 16h de Brasília. Em seguida, o texto segue para o Senado, onde deve ser aprovado até o final do dia por uma estreita maioria republicana, que aparenta ter chegado a um consenso sobre a lei.
Trump tem chamado a medida de "um presente de Natal" para os americanos, embora a reforma tenha sido criticada por beneficiar milionários e empresas, além de representar um custo de US$ 1 trilhão (R$ 3,3 trilhões) ao orçamento federal pelos próximos dez anos, em função da perda de arrecadação.
"No geral, as famílias de renda mais alta terão mais cortes de impostos", informou o Tax Policy Center, que fez uma análise do texto final da lei.
Grande parte dos cortes de impostos vai até 2025. Depois, a maioria dos americanos verá uma alta nas alíquotas. Já o imposto de renda para empresas cairá de 35% para 20%, o que, segundo os republicanos, vai melhorar a competitividade do país, estimular a economia e garantir mais empregos.
Democratas criticaram a pressa na aprovação da lei, e afirmam que ela aumentará a dívida pública e não dará garantia de novos empregos, mas beneficiará prioritariamente grandes corporações e milionários -inclusive Trump, cujas empresas terão uma redução estimada de US$ 1 bilhão (R$ 3,3 bilhões) em impostos, de acordo com o "New York Times".
"Os cortes serão pequenos e temporários para a maior parte dos americanos", declarou o senador democrata Chris Van Hollen.
O presidente da Câmara, o republicano Paul Ryan, rebateu as críticas. "Não estou preocupado. Os resultados vão tornar a lei popular", disse ele, durante coletiva de imprensa nesta terça. Ele voltou a defender que a lei irá estimular a economia e fazer o país crescer em torno de 3% no ano que vem.
Num movimento para garantir os votos necessários à medida, o vice-presidente Mike Pence, que também é presidente do Senado, adiou uma viagem ao Oriente Médio para garantir o voto de minerva, caso haja empate na votação na Casa.
No Brasil, analistas temem que a reforma afaste investimentos do país, já que o corte de impostos tornaria mais atrativo para multinacionais declararem lucro nos EUA.
Trump pretende assinar a versão final da lei até o final desta semana.
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