O Congresso do Peru adiou pela terceira vez o debate e a votação de um projeto de lei que visa antecipar as eleições presidenciais e legislativas para outubro deste ano. A quarta tentativa de análise da proposta será às 11h (horário local; 13h de Brasília) desta quarta-feira (1).
"Com o objetivo de encontrar consenso entre a representação nacional e a pedido do presidente do Comitê de Constituição, a sessão plenária convocada para aprovar a antecipação das eleições foi remarcada para amanhã, quarta-feira, às 11h00", escreveu o presidente do Congresso, José Williams, em sua conta no Twitter.
Desde a última segunda-feira (30) a votação tem sido adiada dentro do Congresso. A decisão de Williams na terça-feira (31) seguiu pedido do presidente da Comissão de Constituição presidida pelo fujimorista Hernando Guerra García, 20 minutos antes do horário da votação da proposta.
Guerra García chegou a se reunir com os congressistas Lady Camones e Alejandro Cavero, dos partidos de direita Aliança para o Progresso e Avança País, respectivamente, e com o primeiro-ministro peruano Alberto Otárola na sede da Presidência do Conselho de Ministros, no centro de Lima.
"Ainda estamos em conversas, e também estamos esperando por outro componente, que é o Executivo, e a partir daí espero que possamos chegar a um bom acordo", disse o parlamentar sobre o projeto de lei.
Até o momento os partidos políticos que demonstraram maior ação contrária ao projeto de lei são o ultraconservador Renovação Popular, o centrista Ação Popular e o marxista Peru Livre, legenda que levou o ex-presidente Pedro Castillo ao poder em 2021.
O projeto de lei precisa receber a aprovação de 87 dos 130 parlamentares do Congresso. Caso seja aprovado, irá precisar ser submetido a votação novamente na próxima legislatura, já que se trata de uma reforma constitucional.
Lima registra protestos após novo adiamento
Após o novo adiamento da proposta para antecipação das eleições, milhares de pessoas protestaram em Lima contra o governo da presidente Dina Boluarte e pelo fechamento do Congresso. A Polícia Nacional Peruana isolou uma grande área na região central da capital para evitar atos violentos.
Segundo dados da Defensoria do Povo, 47 manifestantes perderam a vida desde o início dos protestos no Peru, enquanto um policial foi assassinado após ter sido queimado vivo.
A Polícia Nacional Peruana ainda relata que dez mortes foram ocasionadas pelos bloqueios nas estradas, bem como um falecimento na região de La Libertad. Já a presidente Boluarte mencionou que um paciente morreu na estrada antes de chegar a Lima e o Escritório Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) relatou o óbito de quatro haitianos.