Um vídeo divulgado nesta terça-feira (26) aumentou a tensão sobre a segurança de um dos maiores tesouros históricos do mundo: o sítio arqueológico da cidade de Palmira. Nas imagens, o grupo extremista Estado Islâmico (que pretende estabelecer um estado sunita radical em territórios da Síria e Iraque) mostra as ruínas da cidade síria, que está sob seu domínio há mais de uma semana.
Felizmente na gravação, cuja autenticidade não pôde ser verificada e que foi publicada pela agência “Amaaq”, vinculada ao EI, não dá para ver destroços no local, situado no leste da província central de Homs.
Veja fotos das ruínas de Palmira.
Pelo histórico de destruições causadas pelo grupo terrorista, no entanto, autoridades acham pouco provável que as ruínas possam se manter “intactas” por muito tempo.
O sítio arqueológico de Palmira é tombado pela Unesco. “É um extraordinário patrimônio da humanidade no deserto e qualquer destruição ocorrida em Palmira seria não apenas um crime de guerra, mas também uma enorme perda para a humanidade”, disse a diretora da organização, Irina Bokova, em um vídeo publicado pouco após a tomada da cidade.
Situada em um oásis, Palmira foi nos séculos 1 e 2 d.C. um dos centros culturais mais importantes do mundo antigo e ponto de encontro das caravanas na Rota da Seda, que atravessavam o árido deserto do centro da Síria. Logo tornou-se uma cidade fundamental para o Império Romano (que a controlava), pois fazia a ligação com Pérsia, Índia e China.
Antes do início da disputa no país, em março de 2011, suas ruínas eram uma das principais atrações turísticas do Estado árabe e da região, graças a suas relíquias do período romano.
Entre os pontos de destaque estão ruínas de construções como o Templo de Baal, considerado o edifício religioso mais importante no Oriente Médio do século 1.
A grande colunata, com suas colunas monumentais ornamentadas, e o Templo de Nabu, que tem hoje apenas pedaços, também são encantadores. Junto a estes pontos, é de valor inestimável o anfiteatro romano, hoje com nove fileiras de assentos, mas que chegou a ter 12.
Após a sua descoberta por viajantes, entre os séculos 17 e 18, a cidade síria foi considerada fundamental na evolução da arquitetura neoclássica e na urbanização moderna.
Jihadistas
Os jihadistas tomaram o domínio de Palmira no último dia 20. No sábado, o diretor-geral de Antiguidades e Museus da Síria, Maamun Abdelkarim, expressou à Agência Efe sua inquietação pelo futuro deste sítio arqueológico.
Além disso, Abdelkarim lamentou que “a comunidade internacional não tenha feito nada para impedir a entrada do EI em Palmira”, apesar das chamadas das autoridades do país árabe.
No passado, os radicais destruíram locais arqueológicos na Síria e Iraque, e inclusive chegaram a gravar os destroços em vídeos, com fins propagandísticos.