Michael Flynn é a primeira baixa do governo de Donald Trump.| Foto: NICHOLAS KAMM/AFP

O general da reserva Michael Flynn renunciou na segunda-feira à noite ao cargo de conselheiro de Segurança Nacional do presidente Donald Trump, após a crise provocada por suas polêmicas conversas em dezembro com o embaixador russo em Washington, anunciou a Casa Branca.

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Esta é a primeira baixa na equipe mais próxima de Trump, apenas quatro semanas depois da posse do republicano. O general da reserva Joseph Kellogg ocupará de forma interina o posto de conselheiro de Segurança Nacional, de acordo com o governo.

Em dezembro, quando Barack Obama ainda era presidente dos Estados Unidos, Flynn manteve uma conversa com o embaixador da Rússia em Washington, Sergei Kislyak, durante a qual abordaram a questão das sanções americanas contra Moscou. Na carta de demissão, Flynn admite que “transmitiu sem querer ao vice-presidente eleito e a outros informações incompletas sobre suas conversas telefônicas” com o embaixador russo.

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De acordo com o texto de renúncia, ele pediu desculpas ao vice-presidente Mike Pence e ao presidente Trump, “e eles aceitaram minhas desculpas”. Flynn também afirma que sentiu-se “honrado” de ter prestado serviços ao país sob as ordens de Trump.

Flynn caiu diversas vezes em contradições ao tentar explicar o teor de suas conversas com o diplomata russo e chegou a envolver o vice-presidente Mike Pence, que saiu em sua defesa em várias oportunidades.

Algumas horas antes do anúncio da renúncia, o porta-voz da presidência, Sean Spicer, havia admitido que Trump avaliava a situação criada por Flynn e estava em contato com Pence para analisar o tema. Os congressistas democratas exigiam que Flynn renunciasse ou fosse demitido, enquanto os republicanos haviam optado por permanecer em silêncio.

A polêmica explodiu em janeiro quando veio à tona que Flyyn havia conversado Kislyak, mas o agora ex-conselheiro sempre negou ter abordado o tema das sanções americanas contra Moscou.

Em 15 de janeiro, cinco dias antes da posse de Trump, Pence apareceu em vários programas de TV para defender Flynn e reiterar que não fez menção à questão das penalidades nas conversas com Kislyak.

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Mas os jornais The Washington Post The New York Times informaram na sexta-feira passada que os serviços de Inteligência descobriram que Flynn pediu ao embaixador russo para não reagir de forma desproporcional porque o governo Trump poderia rever as sanções quando chegasse à Casa Branca. O general reformado assegurou não se lembrar se falou sobre as sanções, mas desde então nenhum membro do entorno de Trump se pronunciara sobre o tema.

Na segunda-feira, Kellyanne Conway, a influente conselheira de Trump, afirmou em uma entrevista que Flynn tinha “toda a confiança” do presidente.

Nomeação controversa

O ldeputado democrata Adam Schiff, membro do Comitê de Inteligência, havia solicitado a demissão ou renúncia do conselheiro por estas acusações que chamou de “assombrosas”. “Está mentindo ao dizer que não falaram a respeito ou esqueceu”, disse o senador democrata Al Franken à emissora CNN no domingo.

“Não acho que queiramos alguém em alguma dessas situações” no cargo de conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, afirmou.

Flynn foi um dos primeiros assessores de Trump em sua campanha presidencial, mas sua nomeação como conselheiro de Segurança Nacional não obteve apoio unânime dentro da Casa Branca.

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Vários setores dos serviços de Inteligência advertiram que não era o melhor indicado para o cargo. Alguns, inclusive, afirmaram que deixou a direção da Agência de Inteligência de Defesa (DIA, nas siglas em inglês) por má gestão.

As conversas privadas com o diplomata russo aconteceram quando o governo de Barack Obama preparava um novo pacote de sanções contra Moscou, em represália pela suposta interferência na campanha presidencial para favorecer Trump.

As agências de inteligência americanas já concluíram que o próprio presidente russo, Vladimir Putin, interferiu nas eleições.

A administração Obama anunciou sanções em 29 de dezembro contra quatro cidadãos russos e cinco empresas. Também expulsou 35 diplomatas.