O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou por unanimidade ontem o fim do mandato internacional que permitia a ação militar na Líbia. Os 15 membros do Conselho decidiram, assim, encerrar a autorização para a manutenção de uma zona de exclusão aérea implantada com o objetivo de proteger civis a partir das 23h59 (pelo horário líbio) do dia 31 de outubro. O mandato foi aprovado em março, depois que Muamar Kadafi iniciou ataques contra manifestantes opositores. Mais tarde ontem, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) confirmou que hoje irá declarar o fim oficial das operações na Líbia.
A autorização, conhecida como resolução 1973, foi aprovada em 17 de março sob pedidos da Liga Árabe. No dia 19 de março, a Otan lançou a operação Aurora da Odisseia, ao bombardear tropas de Kadafi que avançavam sobre Benghazi. Kadafi caiu no final de agosto e foi morto na quinta-feira passada.
O Conselho adotou a resolução um dia após o vice-embaixador da Líbia na ONU, Ibrahim Dabbashi, ter solicitado ao Conselho que esperasse que o governo interino líbio fizesse um pedido formal para o fim das operações. Mas o Conselho de Segurança da ONU decidiu que não existe a necessidade de mais ações militares após a morte de Kadafi em 20 de outubro e o anúncio do governo interino de que a Líbia foi libertada em 23 de outubro.
Na semana passada, a Otan anunciou os planos preliminares de encerrar sua missão na Líbia até 31 de outubro. Inesperadamente, a aliança atlântica adiou na quarta-feira essa decisão, ao dizer que o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, precisava consultar a ONU e o governo interino líbio.
A resolução aprovada ontem afirma que a autorização da ONU para a ação militar na Líbia acaba pouco antes da meia noite de 31 de outubro, o que significa que o governo da Líbia retomará o controle do seu espaço aéreo e de todas as operações militares a partir de 1.º de novembro de 2011.
Filho de Kadafi
O filho do ex-ditador líbio Saif al-Islam atravessou a fronteira líbia e está no Níger, disse ontem uma autoridade do Conselho Nacional de Transição, que agora governa a Líbia. De acordo com o integrante da cúpula do novo governo, Saif teme por sua vida se for capturado e quer um avião que o leve para o Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia, Holanda.
"Há um contato com Mali e com a África do Sul e com outros países vizinhos para organizar a saída dele", disse a autoridade, que pediu anonimato.