Violência
Novo governo promete apurar a morte de Kadafi
Após pressões internacionais, o Conselho Nacional de Transição (CNT), que governa interinamente a Líbia, afirmou que investigará as circunstâncias da morte do ditador Muamar Kadafi, no dia 20, e levará os responsáveis à Justiça se houver comprovação de que ele foi assassinado.
"Já abrimos uma investigação e seguimos um código de ética quanto ao tratamento dos prisioneiros de guerra. Tenho certeza de que foi um ato individual, e não ação revolucionária ou do Exército", disse Abdel Hafiz Ghoga, vice-presidente do CNT.
"O responsável [pela morte do ditador], quem quer que seja, será julgado e receberá o que for justo", acrescentou o vice-presidente.
Kadafi foi capturado e morto na semana passada ao tentar sair de sua terra natal, Sirte, onde se escondera depois que as forças rebeldes tomaram Trípoli, em agosto.
A versão oficial do CNT é que o ditador morreu numa troca de tiros com os insurgentes. Vídeos divulgados desde a semana passada, porém, mostram não só indícios de assassinato sumário como suspeitas de abuso sexual.
O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos já havia pedido apuração dos acontecimentos que levaram à morte de Kadafi.
Ontem, o premiê russo, Vladimir Putin, chamou de "repugnantes" as imagens da morte do ditador divulgadas pela imprensa. Na terça à noite, o presidente dos EUA, Barack Obama, já havia afirmado que faltava "decoro".
Kadafi foi enterrado em local secreto no deserto na terça. Ontem, uma fonte do CNT disse que seu filho Saif al Islam, dado como desaparecido, se refugiou no Níger.
Em outra tentativa de responder às pressões de países do Ocidente, o premiê do CNT, Mustafá Abdul Jalil, disse que gostaria de "assegurar à comunidade internacional que, como líbios, somos islâmicos moderados".
Em declaração anterior, Jalil dissera que a base da futura legislação líbia seria a sharia (código islâmico de regras), o que tornaria sem efeito todas as leis que estivessem em desacordo com ela.
Sob Kadafi, as leis líbias combinavam elementos laicos à sharia.
Folhapress
O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou por unanimidade ontem o fim do mandato internacional que permitia a ação militar na Líbia. Os 15 membros do Conselho decidiram, assim, encerrar a autorização para a manutenção de uma zona de exclusão aérea implantada com o objetivo de proteger civis a partir das 23h59 (pelo horário líbio) do dia 31 de outubro. O mandato foi aprovado em março, depois que Muamar Kadafi iniciou ataques contra manifestantes opositores. Mais tarde ontem, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) confirmou que hoje irá declarar o fim oficial das operações na Líbia.
A autorização, conhecida como resolução 1973, foi aprovada em 17 de março sob pedidos da Liga Árabe. No dia 19 de março, a Otan lançou a operação Aurora da Odisseia, ao bombardear tropas de Kadafi que avançavam sobre Benghazi. Kadafi caiu no final de agosto e foi morto na quinta-feira passada.
O Conselho adotou a resolução um dia após o vice-embaixador da Líbia na ONU, Ibrahim Dabbashi, ter solicitado ao Conselho que esperasse que o governo interino líbio fizesse um pedido formal para o fim das operações. Mas o Conselho de Segurança da ONU decidiu que não existe a necessidade de mais ações militares após a morte de Kadafi em 20 de outubro e o anúncio do governo interino de que a Líbia foi libertada em 23 de outubro.
Na semana passada, a Otan anunciou os planos preliminares de encerrar sua missão na Líbia até 31 de outubro. Inesperadamente, a aliança atlântica adiou na quarta-feira essa decisão, ao dizer que o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, precisava consultar a ONU e o governo interino líbio.
A resolução aprovada ontem afirma que a autorização da ONU para a ação militar na Líbia acaba pouco antes da meia noite de 31 de outubro, o que significa que o governo da Líbia retomará o controle do seu espaço aéreo e de todas as operações militares a partir de 1.º de novembro de 2011.
Filho de Kadafi
O filho do ex-ditador líbio Saif al-Islam atravessou a fronteira líbia e está no Níger, disse ontem uma autoridade do Conselho Nacional de Transição, que agora governa a Líbia. De acordo com o integrante da cúpula do novo governo, Saif teme por sua vida se for capturado e quer um avião que o leve para o Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia, Holanda.
"Há um contato com Mali e com a África do Sul e com outros países vizinhos para organizar a saída dele", disse a autoridade, que pediu anonimato.
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