Reação
Ditador diz que decisão é loucura e faz ameaças
Logo após o anúncio do Coselho de Segurança, Muamar Kadafi reagiu em entrevista concedida à emissora portuguesa RTP. O ditador líbio declarou que a aprovação da resolução contra a Líbia no CS da ONU é um ato de "flagrante colonização", para o qual a entidade não possui mandato. "Isto é loucura, arrogância, insanidade. Se o mundo enlouquecer conosco, nós enlouqueceremos também. Nós vamos responder. Transformaremos suas vidas num inferno porque estão transformando as nossas vidas num inferno. Eles nunca terão paz", disse Kadafi.
Antes de o anúncio da ONU ser revelado, a Líbia já havia ameaçado o tráfego áereo e marítimo na bacia do Mediterrâneo e irá expor a região a riscos de curto e longo prazo, alertou o Ministério de Defesa líbio em comunicado divulgado pela televisão local. Segundo a nota, a Líbia poderá responder a eventuais ataques de forças estrangeiras atingindo alvos civis e estrangeiros. "Qualquer ação militar contra a Líbia irá expor todo o tráfego aéreo e marítimo no Mar Mediterrâneo ao perigo. Instalações civis e militares serão alvo do contra-ataque líbio", disse o comunicado. "A bacia do Mediterrâneo enfrentará perigo não apenas no curto prazo, mas no longo prazo", afirmou.
Benghazi
Mais cedo, o líder líbio anunciou que iria "limpar Benghazi, sem piedade" em ataques realizados até sábado. "Limparemos Benghazi, toda Benghazi, dos criminosos e de qualquer um que tente ferir nosso líder e nossa revolução. Não teremos piedade contra colaboradores [dos rebeldes]", dizia a mensagem. A cidade é o principal reduto dos rebeldes, que querem derrubar o ditador que há 41 anos governa o país. A ameaça intensificou ainda mais a fuga de civis da região. No pronunciamento à nação, Kadafi confirmou que os rebeldes que depuserem as armas seriam poupados. "Vamos caçar os traidores de Benghazi", disse Kadafi na televisão estatal líbia.
Da Redação, com agências
Londres - O Conselho de Segurança da ONU aprovou ontem à noite (pelo horário de Brasília) a criação de uma zona de exclusão aérea na Líbia, abrindo espaço para ações militares contra as forças ligadas ao ditador Muamar Kadafi. A medida foi aprovada por 10 dos 15 membros do organismo. Os demais (entre eles, a China e a Rússia, que têm poder de veto) decidiram se abster, assim como o Brasil.
A aprovação da resolução ganhou força depois que os EUA indicaram seu apoio. Até ontem, Washington vinha se mostrando reticente quanto à eficácia da medida.
Antes da votação, a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Susan Rice, disse que o CS estava preparado para analisar medidas que incluíam a zona de exclusão aérea, mas que "talvez fossem além, já que a proposta tem limitações na proteção da população civil. "A resolução é uma resposta poderosa às necessidades urgentes.
Com o endosso, as forças militares dos EUA, da França e do Reino Unido iniciaram a preparação para agir na defesa dos rebeldes líbios. Segundo autoridades dos EUA, o Pentágono já estava nos detalhes finais nos planos para ataques contra as forças aéreas líbias e também contra alvos no solo.
Entre as opções estudadas, estava o uso de aviões para atacar tanques e infantarias ligadas a Kadafi.
Segundo a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, a criação da zona de exclusão aérea implica ataque a alvos no território líbio. "Ela exige certas ações para proteger os aviões e os pilotos.
A pressão para que os 15 membros do CS tomasse novas medidas vinha crescendo à medida que as forças de Kadafi foram retomando o controle do território líbio e intensificando seus ataques contra a população civil.
Ao explicar o seu voto, o Reino Unido afirmou que a resolução anterior do CS, adotada no fim de fevereiro, não teve os efeitos esperados já que Kadafi continuou a atacar a população civil.
Abstenção
A embaixadora Maria Luiza Viotti justificou a abstenção dizendo que o Brasil não está convencido de que o uso da força levará à proteção de civis, mas que terá, ao contrário, o efeito de exacerbar as tensões. O voto brasileiro vai contra a expectativa de uma mudança radical na política externa do país relativa aos direitos humanos.
Sem perdão
Um dos exemplos usados pelo governo britânico foi o discurso feito por Kadafi ameaçando a população de Benghazi. O pronunciamento do ditador, horas antes da votação na ONU, afirmou que as suas forças iriam invadir ainda hoje Benghazi e que não haveria "perdão para quem demonstrasse resistência.
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