O Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) condenou nesta quinta-feira o governo sírio pela violenta repressão aos protestos pró-democracia, que equiparou a crimes contra humanidade.
A resolução, proposta por países árabes e ocidentais, teve o voto favorável de 37 dos 47 países integrantes do conselho. China, Rússia e Cuba votaram contra; três países se abstiveram, e quatro se ausentaram. A representante dos Estados Unidos, Eileen Chamberlain Donaho, disse que esses países estão "na contramão da história".
O texto condena "as violações disseminadas e sistemáticas dos direitos humanos e liberdades fundamentais por parte das autoridades sírias", incluindo bombardeios que mataram "milhares de inocentes civis" nos últimos meses, além de execuções, assassinatos e perseguições de manifestantes, detenções arbitrárias e imposição de entraves ao atendimento médico.
Ele cita também as mortes de jornalistas estrangeiros na Síria, e manifesta preocupação com a deterioração da situação humanitária, fazendo um apelo para que as populações sitiadas tenham acesso a alimentos, medicamentos e combustíveis.
Salienta também a importância de responsabilizar os culpados pelos crimes, "inclusive aquelas violações que possam equivaler a crimes contra a humanidade".
A delegação síria boicotou o debate no Conselho de Direitos Humanos. Seu embaixador junto à ONU já havia saído intempestivamente na terça-feira.
É a quarta vez desde abril que o conselho, que tem autoridade moral, mas nenhuma força legal, condena a Síria.
Em discurso após a votação, o diplomata russo Vladimir Zheglov disse que a resolução é "mais um exemplo de abordagens políticas tendenciosas para a situação da Síria sendo impostas por alguns países".
No mesmo dia da votação, as forças do governo sírio voltaram a bombardear um reduto oposicionista em Homs, no que parece ser a ofensiva final após mais de três semanas de cercos e ataques, segundo ativistas.
A resolução teve como base um relatório, coordenado pelo brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, que apontou abusos na Síria e os atribuiu aos "mais altos escalões" do regime do presidente Bashar al-Assad.
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