O Conselho Nacional de Transição (CNT) da Líbia quer eleições para presidente em 20 meses. O prazo, se comparado ao processo de transição dos vizinhos, é dilatado. Na Tunísia, as eleições legislativas serão realizadas em outubro, nove meses após a queda de Ben Ali. No Egito, o pleito também deve ocorrer em breve.
Segundo o representante do CNT no Reino Unido, Guma Al Gamaty, o órgão rebelde dirigirá o país nos próximos oito meses, quando será eleito um conselho para reformular a Constituição. "Temos, depois, um ano para a eleições parlamentares e presidenciais", disse.
O anúncio foi feito um dia depois de os "amigos da Líbia" decidirem liberar US$ 15 bilhões (R$ 24 bi) de fundos congelados.
Na última quarta-feira, no entanto, o Reino Unido enviou, por conta própria, um avião a Benghazi com 280 milhões de dinares líbios (R$ 370 milhões) em notas impressas no país.
Ontem, a União Europeia suspendeu as sanções a 28 entidades do país, como portos e bancos.
Combates
Enquanto os líderes políticos tentam organizar o governo, as forças rebeldes líbias avançam na direção da cidade de Sirte, local de nascimento de Muamar Kadafi, apesar da extensão do prazo final para a rendição da cidade.
Embora os combates tenham diminuído muito na Líbia, incluindo na capital Trípoli, os seis meses de guerra civil prejudicaram as linhas de fornecimento e danificaram a infraestrutura em todo o país. Segundo o coordenador humanitário da ONU para a Líbia, Panos Moumtzis, nos últimos dias algumas agências da ONU retornaram a Trípoli.
A organização levou 11 milhões de garrafas de água e vai levar 600 toneladas de comida e o equivalente a 100 milhões (US$ 140 milhões) em medicamentos para o país, mas afirma esperar que a ajuda da ONU seja temporária. "Este país tem uma série de recursos e nós vemos as necessidades humanitárias como de curto prazo", disse ele sobre o país, rico em petróleo, que tem 6 milhões de habitantes. "Eu não vejo o programa humanitário indo além do final do ano, no máximo."
O novo comandante militar de Tripoli, o insurgente Abdel Hakim Belhaj, discutiu ontem as preocupações a respeito do seu passado de militante islamita. Belhaj é o ex-líder do Grupo Combatente Islâmico Líbio, que lutou ao lado da rede extremista Al-Qaeda no Afeganistão e no Iraque.
Kadafi careca
Um jornal de Trípoli publicou uma foto em que o ditador líbio, Muamar Kadafi, aparece careca, com a mensagem "Procurado vivo ou morto" logo acima.
Em entrevista à rede Al Jazeera, o presidente do CNT, Mustafa Abdel Jalil, admitiu que os rebeldes não têm nem ideia do paradeiro de Kadafi.
"Se soubéssemos onde Kadafi está agora, nossos revolucionários estariam a caminho para capturá-lo. Não temos informação de que Muamar Kadafi esteja na Líbia ou em qualquer outro lugar."