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Revolta árabe

Conselho de rebeldes líbio quer eleição em 20 meses

Líbia segura cartaz com foto de Kadafi careca com a frase “Procura-se vivo ou morto”, durante manifestação em Trípoli | Zohra Bensemra/Reuters
Líbia segura cartaz com foto de Kadafi careca com a frase “Procura-se vivo ou morto”, durante manifestação em Trípoli (Foto: Zohra Bensemra/Reuters)

O Conselho Nacional de Tran­­sição (CNT) da Líbia quer eleições para presidente em 20 meses. O prazo, se comparado ao processo de transição dos vizinhos, é dilatado. Na Tunísia, as eleições legislativas serão realizadas em outubro, nove meses após a queda de Ben Ali. No Egito, o pleito também deve ocorrer em breve.

Segundo o representante do CNT no Reino Unido, Guma Al Gamaty, o órgão rebelde dirigirá o país nos próximos oito meses, quando será eleito um conselho para reformular a Constituição. "Temos, depois, um ano para a eleições parlamentares e presidenciais", disse.

O anúncio foi feito um dia depois de os "amigos da Líbia" decidirem liberar US$ 15 bilhões (R$ 24 bi) de fundos congelados.

Na última quarta-feira, no entanto, o Reino Unido enviou, por conta própria, um avião a Benghazi com 280 milhões de dinares líbios (R$ 370 milhões) em notas impressas no país.

Ontem, a União Europeia suspendeu as sanções a 28 entidades do país, como portos e bancos.

Combates

Enquanto os líderes políticos ten­­tam organizar o governo, as forças rebeldes líbias avançam na direção da cidade de Sirte, local de nascimento de Muamar Kada­fi, apesar da extensão do prazo final para a rendição da cidade.

Embora os combates tenham diminuído muito na Líbia, in­­cluindo na capital Trípoli, os seis meses de guerra civil prejudicaram as linhas de fornecimento e danificaram a infraestrutura em todo o país. Segundo o coordenador humanitário da ONU para a Líbia, Panos Moumtzis, nos últimos dias algumas agências da ONU retornaram a Trípoli.

A organização levou 11 milhões de garrafas de água e vai levar 600 toneladas de comida e o equivalente a € 100 milhões (US$ 140 milhões) em medicamentos para o país, mas afirma esperar que a ajuda da ONU seja temporária. "Este país tem uma série de recursos e nós vemos as necessidades humanitárias co­­mo de curto prazo", disse ele so­­bre o país, rico em petróleo, que tem 6 milhões de habitantes. "Eu não vejo o programa humanitário indo além do final do ano, no máximo."

O novo comandante militar de Tripoli, o insurgente Abdel Hakim Belhaj, discutiu ontem as preocupações a respeito do seu passado de militante islamita. Belhaj é o ex-líder do Grupo Com­­batente Islâmico Líbio, que lutou ao lado da rede extremista Al-Qae­­da no Afeganistão e no Iraque.

Kadafi careca

Um jornal de Trípoli publicou uma foto em que o ditador líbio, Muamar Kadafi, aparece careca, com a mensagem "Procurado vivo ou morto" logo acima.

Em entrevista à rede Al Ja­­ze­­era, o presidente do CNT, Mustafa Abdel Jalil, admitiu que os rebeldes não têm nem ideia do paradeiro de Kadafi.

"Se soubéssemos onde Kadafi está agora, nossos revolucionários estariam a caminho para cap­­turá-lo. Não temos informação de que Muamar Kadafi esteja na Líbia ou em qualquer outro lugar."

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