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O Conselho de Segurança da ONU já trabalha em um projeto de resolução que autorize o envio de uma missão de observadores à Síria e que poderia ser adotada amanhã, anunciou nesta quinta-feira o embaixador da Rússia nas Nações Unidas, Vitaly Churkin.

"É crucial que os observadores estejam no terreno para garantir que se detecte qualquer violação do atual estado do fim da violência", disse Churkin ao término de uma sessão do Conselho de Segurança na qual o enviado especial da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan, pediu esse envio "o mais rápido possível".

A Rússia aposta que a resolução seja adotada nesta sexta-feira e deseja que a primeira equipe de observadores se desdobre nos primeiros dias da semana que vem no país árabe, onde deve comprovar o respeito ao cessar-fogo estipulado pelas partes, declarou à imprensa o diplomata russo.

Churkin, cujo país vetou duas resoluções de condenação à Síria no Conselho de Segurança, detalhou que se prevê que em um primeiro momento a missão de observadores conte com entre 20 e 30 pessoas, enquanto assegurou que "levará um tempo" para desdobrar "uma missão mais robusta".

Nesse sentido, indicou que alguns dos observadores dessa primeira equipe da ONU poderiam pertencer ao contingente que forma a missão do organismo internacional nas Colinas de Golã.

"Deve ser evitada qualquer provocação. Estamos preocupados perante a possibilidade de ocorrerem provocações ou que se encoraje a realização de manifestações maciças. É o oposto do que deve acontecer", declarou Churkin.

No começo da manhã desta quinta-feira começou a cessação de hostilidades entre as forças governamentais sírias e os grupos de oposição em cumprimento do plano de paz que Annan lhes propôs.

A presidente de turno do Conselho de Segurança, a embaixadora americana Susan Rice, disse à imprensa que os 15 membros do principal órgão internacional de segurança iniciarão hoje mesmo as negociações sobre o projeto de resolução, e garantiu que estão "prontos para avançar nisso o mais rápido possível".

"Não posso assegurar quando ocorrerá (a aprovação), já que depende de quão complexas serão as negociações entre os membros", comentou Susan Rice, salientando que Annan, que discursou perante o Conselho mediante videoconferência, falou de "uma calma frágil" na Síria, com "violência ainda em algumas cidades".

A diplomata americana assinalou que o ex-secretário-geral explicou ao Conselho de Segurança que essa situação "não é incomum nas primeiras horas" de um cessar-fogo, "já que as partes se põem a toda prova", mas assegurou que o governo sírio não cumpriu todos os pontos do plano de paz do mediador.

Annan destacou, segundo Susan Rice, que "as forças sírias e as armas continuam presentes em centros habitados" e lançou uma chamada para que "os militares retornem com seu equipamento aos quartéis imediatamente".

Em qualquer caso, a embaixadora americana garantiu que a calma aparente que se vive na Síria é "um passo positivo" que espera que se mantenha, mas voltou a falar de "cautela" para comprovar que o plano de Annan seja cumprido em sua totalidade.

O plano de paz exige a todas as partes o imediato fim da violência e das violações dos direitos humanos, assim como assegurar o acesso de pessoal humanitário ao país, facilitar a transição política síria rumo à democracia, o início do diálogo político e permitir o acesso da imprensa, entre outros.

Por sua parte, o embaixador sírio na ONU, Bashar Jafari, negou a jornalistas que a Síria não tenha cumprido completamente o plano de Annan e insistiu que esse plano deve ser visto "como um pacote completo e não como um conjunto de pontos".

"O governo sírio cessou a violência e esperamos que os que têm influência sobre os grupos armados façam o mesmo", disse Jafari, que denunciou que nesta quinta-feira as forças da oposição sírias cometeram pelo menos oito violações do cessar-fogo.

Jafari ressaltou também que a Síria está a favor do desdobramento de observadores.

Apesar da entrada em vigor do cessar-fogo, pelo menos 20 pessoas morreram hoje na Síria pela repressão das forças leais ao regime de Bashar al Assad, a maioria nas províncias de Homs e Idleb, informaram os opositores Comitês de Coordenação Local.

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