Após mais de seis meses de discussões diplomáticas, o Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU) votará nesta quarta-feira (9) a quarta rodada de sanções contra o Irã. A expectativa é a de que, dos 15 membros do órgão, apenas Brasil, Turquia e Líbano não apoiem o texto. Até a noite de terça-feira, o governo brasileiro não havia decidido se votaria contra ou optaria pela abstenção.

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Em visita a Quito, a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, disse que as sanções serão as mais duras já adotadas contra o Irã. "A resolução será levada para votação às 10 horas (11 horas de Brasília)", disse o embaixador do México, Claude Heller, que atualmente exerce a presidência do CS. A embaixadora dos Estados Unidos na organização, Susan Rice, acrescentou que "está confiante na aprovação de uma forte resolução e com amplo apoio".

Brasileiros e turcos se recusaram a participar da elaboração das sanções que buscam frear o programa nuclear iraniano. Apesar disso, haverá um trecho no texto da resolução, ao qual o jornal O Estado de S. Paulo teve acesso, enfatizando a importância "dos esforços do Brasil e da Turquia" para chegar a um acordo com o Irã.

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Segundo a resolução, deve haver mais restrições às atividades militares, financeiras e de livre trânsito para autoridades iranianas que nas três anteriores. Um dos anexos lista 40 entidades com bens congelados. Entre elas, estão 15 controladas ou ligadas à Guarda Revolucionária que, segundo analistas, está no comando do atual governo, em uma aliança com o presidente Mahmoud Ahmadinejad.

O Brasil e a Turquia, que fizeram um acordo com o Irã para tentar evitar esta quarta rodada de sanções, expuseram na terça-feira as suas posições em debate político no Conselho de Segurança. Segundo a embaixadora brasileira, Maria Luiza Viotti, o Brasil concorda que o Irã não deva ter uma bomba atômica, mas o País discorda que a resolução seja, neste momento, a melhor saída para impedir os iranianos de produzir uma arma nuclear.

Amorim

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, passou o dia de terça-feira ocupado com ligações para os chanceleres russo e chinês. Também entrou em contato com autoridades turcas e com Viotti. O Itamaraty opõe-se às sanções por acreditar que o acordo firmado em Teerã representa um avanço nas negociações com o regime iraniano. Para a Casa Branca, porém, o acordo é "inaceitável".

Em entrevista ao programa Roda Viva, exibida na segunda-feira, Amorim reiterou que considera "lamentável que haja essas sanções". O ministro afirmou que está "extremamente preocupado" com a negociação dessa resolução. "Não é só uma questão que diz respeito ao Irã, ao desarmamento e à não-proliferação, é uma questão que diz respeito à própria credibilidade do Conselho de Segurança."

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