Defensores do governo do Irã queimam bandeiras norte-americanas e britânicas durante protesto contra a Grã-Bretanha, na embaixada do Reino Unido em Teerã| Foto: Fars News/Reuters

Lula volta a duvidar de fraude

Rio de Janeiro - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a dizer ontem que acha muito difícil ter havido fraude nas eleições do Irã, mas defendeu que a Justiça iraniana interceda, ou governo e oposição entrem em acordo para frear a onda de violência.

O brasileiro repetiu seu argumento anterior, calcado na diferença apontada pela apuração entre os votos do presidente reeleito, Mahmoud Ahmadinejad (62,7%), e os 33% do opositor reformista Mir Hossein Mousavi.

"Tenho conversado muito com Celso Amorim. Existem coisas quase inexplicáveis no Irã. Você tem uma eleição em que o cidadão tem 62% dos votos. Estamos acostumados aqui no Brasil a ter fraude eleitoral quando a diferença é de 1%, 0,5%, 2%. Mas de 62% a 33% não é possível, é difícil ter’’, disse Lula.

Folhapress

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Líder supremo amplia prazo para queixas

O líder supremo da Revolução iraniana, o aiatolá Ali Khamenei, aceitou a proposta do Conselho dos Guardiães de prorrogar em cinco dias o prazo para a apresentação de queixas relacionadas às eleições do último dia 12, informou ontem a tevê estatal. Segundo a emissora oficial, Khamenei disse ao Conselho que "aceita o pedido" feito pelo secretário dos Guardiães, o aiatolá Ahmad Janati.

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Confira a apuração oficial das eleições iranianas

Teerã - O Conselho de Guardiães, órgão legislador responsável por ratificar o resultado da eleição presidencial, rejeitou novamente ontem o pedido da oposição para anular o pleito de 12 de junho passado e anunciou a posse de Mahmoud Ahmadinejad para o período entre 26 de julho e 19 de agosto.

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O Conselho admitiu que houve irregularidades em ao menos 50 cidades, mas que não foi o suficiente para causar a anulação da votação.

"Felizmente, durante a recente eleição presidencial, não constatamos nenhuma fraude ou grande infração. Por consequência, não há possibilidade de anulação das eleições’’, declarou o porta-voz do organismo, Abbas Ali Kadkhodaei, citado pelo canal por satélite em inglês Press TV, vinculado à televisão estatal iraniana.

Os três candidatos derrotados denunciaram 646 supostas irregularidades em favor do ultraconservador Ahmadinejad, e solicitaram a recontagem dos votos. O Conselho, sob ordens diretas do líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei, concedeu a recontagem parcial dos votos, apenas das urnas com denúncias de irregularidades.

"Se tivesse ocorrido uma grave ilegalidade nas eleições, o Conselho teria anulado os votos nas urnas, colégios, distritos ou cidades afetadas, como já fez em outras ocasiões em eleições parlamentares’’, acrescentou Kadkhodaei.

Os resultados da eleição incitaram protestos em massa diários da oposição, a maioria apoiadores do principal candidato da oposição, Mir Hossein Mousavi. Os protestos e enfrentamentos com as forças de segurança deixaram ao menos 20 mortos, segundo números oficiais. Entre as vítimas está Neda, uma jovem cuja morte, com um tiro no peito, foi filmada por um outro manifestante e divulgada ao mundo como a mártir dos protestos em um país de grande censura.

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EUA

Ontem, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, condenou de maneira veemente a repressão do governo contra os manifestantes iranianos. "Eu condeno de maneira forte essas ações injustas", disse Obama, em coletiva de imprensa na Casa Branca. O senador John McCain e outros políticos republicanos disseram que Obama foi muito cauteloso em seus comentários sobre a violência no Irã.

Obama afirmou que é "falso e absurdo" sugerir que os EUA ou outros países estejam instigando os protestos contra o resultado da eleição. Obama ressaltou que os Estados Unidos respeitam a soberania da República Islâmica do Irã e que os EUA não interferem em assuntos iranianos.

Prisão

O governo iraniano prendeu um jornalista grego que trabalhava para a imprensa norte-americana no país, informou ontem a agência iraniana Fars. O profissional, que atuava para o Washington Times, não foi identificado.

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O regime iraniano não renovou o visto de vários jornalistas estrangeiros que trabalharam durante as eleições. Além disso, restringiu a cobertura apenas à mídia estatal e a telefonemas, impedindo o acompanhamento pela imprensa de protestos da oposição nas ruas.