O primeiro-ministro do Reino Unido, o conservador Rishi Sunak, convocou na última quarta-feira (22) eleições para o Parlamento britânico para 4 de julho.
O anúncio surpreendeu porque Sunak poderia marcar o pleito para até o início de 2025, e os conservadores parecem viver seu momento político mais delicado em anos, com grande risco de deixaram o número 10 de Downing Street (residência do premiê britânico) pela primeira vez desde 2010.
Todas as pesquisas apontam os trabalhistas, liderados por Keir Starmer, com mais de 40% das intenções de voto; dependendo do instituto, ostentam vantagens superiores a 20 pontos percentuais.
Além disso, há poucas semanas, foram realizadas eleições locais nas quais os conservadores tiveram resultados historicamente ruins, com a perda de metade de seus prefeitos nas localidades em que houve votação.
Os tories vinham sofrendo com o desempenho ruim da economia britânica, que acumulou dois trimestres consecutivos de queda e entrou em recessão técnica no segundo semestre de 2023.
Entretanto, agora parece haver uma leve recuperação. O Produto Interno Bruto (PIB) do Reino Unido teve crescimento de 0,6% no primeiro trimestre deste ano. Além disso, a inflação acumulada em 12 meses foi de 2,3% em abril, a mais baixa desde maio de 2021.
Analistas apontam que, apesar dos dados ruins nas pesquisas, Sunak preferiu apostar agora, quando tem bons números econômicos para apresentar.
“Entrei no governo prometendo estabilidade econômica e, por meio de um esforço coletivo, alcançamos dois marcos: nossa economia está crescendo mais rápido do que qualquer um esperava (...) e a inflação voltou ao normal. Essa é a prova de que nossas prioridades estão funcionando”, disse o primeiro-ministro, no dia em que anunciou a data das eleições.
Em entrevista à CNN, um conselheiro de Sunak, que preferiu não ser identificado, concordou que é o melhor momento para os conservadores se arriscarem nas urnas.
“O primeiro-ministro assumiu o cargo enfrentando uma série de desafios importantes: inflação, falta de crescimento, migração. E ele lidou com isso como sua missão principal. Ele fez um progresso genuíno e significativo nessas áreas. O FMI [Fundo Monetário Internacional] melhorou as nossas previsões de crescimento, vimos a inflação voltar aos níveis normais, hoje vemos a migração cair como resultado das nossas reformas”, afirmou.
Recentemente, o governo Sunak implantou novas medidas para restringir a chegada de imigrantes legais, como impedir que os estrangeiros que chegam ao país para trabalhar como prestadores de serviços na área da saúde venham com familiares e aumentar a faixa salarial para que trabalhadores estrangeiros consigam permissão para morar no Reino Unido.
Segundo números oficiais, o número de pedidos de vistos caiu 25% nos primeiros quatro meses deste ano, em comparação com o mesmo período de 2023.
Para combater a migração ilegal, o governo britânico retomou o plano de voos de deportação para Ruanda, que havia sido travado pela Justiça.
“Portanto, temos uma base sólida para dizer que as coisas estão indo na direção certa, e a opinião foi que agora era o melhor momento para dizermos ao país: ‘Aqui está o que fizemos, nosso planejamento está funcionando, agora, quem você acha que tem o planejamento e a capacidade de tomar medidas ousadas para fazer este país avançar em direção a um futuro mais seguro?’”, afirmou o conselheiro ouvido pela CNN.
Resta saber se, num período tão curto de campanha (apenas seis semanas), isso será suficiente para virar o jogo e derrotar os trabalhistas novamente. (Com Agência EFE)