Conservadores se juntam em centenas de cidades para protestar contra o governo Obama

Cerca de uma tonelada de chá comprada pela internet para ser despejada nesta quarta-feira na praça Lafayette, em frente à Casa Branca, em Washington D.C., teve que ficar dentro do caminhão que fez a entrega, informou o site do jornal "Washington Post". Os manifestantes donos dos chás, que realizam protestos contra os gastos do governo e a política de impostos, começaram a descarregar o caminhão pela manhã, mas foram interrompidos por policiais. O grupo não tinham permissão para deixar os chás na praça e teve que colocar as compras de volta no caminhão. Os manifestantes acataram à ordem, mas ainda pensam em usar os chás para alguma forma de protesto. Outra manifestação, marcada para acontecer em frente ao prédio do Tesouro americano, também foi cancelada pelo mesmo motivo.

A capital americana é uma das centenas de cidades de todo o país - alguns veículos de imprensa falam em 500 - a soltar a voz e o chá em uma manifestação de conservadores insatisfeitos que está se tornando cada vez mais popular. Em Boston, manifestantes se reuniram no fim da manhã, no centro da cidade, com cartazes em defesa dos valores americanos, como o direito à propriedade privada, que, segundo eles, estão sob ameaça. Um deles dizia: "O que é meu não é seu. Diga não ao socialismo!"

O último dia para a entrega do imposto de renda, conhecido como Tax Day, esta quarta-feira, mobilizou centenas de americanos dos 50 estados que declaram seus ganhos e pagam impostos a protestar contra a administração Obama ou simplesmente contra a crise econômica americana e a situação do país de maneira geral. A maioria dos protestos está previsto para acontecer em frente aos capitólios ou às sedes dos governos estaduais.

Os encontros estão sendo chamadas de "Tax Day Tea Party", em uma referência à festa do chá de Boston, em 1773, evento-chave da Revolução Americana, quando colonos ingleses na América atiraram caixotes de chá da Companhia Britânica das Índias Ocidentais nas águas do porto de Boston, em protesto às excessivas taxas impostas pelo governo britânico.

As manifestações vêm sendo organizadas principalmente pela internet, com o envolvimento de algumas organizações, que agem apenas como simpatizantes ou facilitadores, e não como líderes do movimento. As "Tea Parties" cresceram por iniciativa da população, através de divulgação em blogs, redes sociais como o Facebook, mídia alternativa e o serviço de miniblog Twitter.

O primeiro protesto foi feito em 16 de fevereiro. A notícia rapidamente chegou a outros estados e a organização de "Tea Parties" para dar voz ao povo deslanchou quando um apresentador de TV convocou, para 4 de julho, aniversário da independência americana, uma "Tea Party" em Chicago. A ideia ganhou o país e uma mesma data foi escolhida para que todas as cidades interessadas participassem de uma manifestação em conjunto. Um site oficial foi criado para divulgar a manifestação, com informações sobre datas e locais de protesto, amostras de panfletos para serem distribuídos nos encontros e as soluções propostas pelos manifestantes. A página oficial do "Tax Day Tea Party" transmitirá imagens dos protestos pelo país ao vivo.

Apresentador de TV chora ao vivo para mostrar sua insatisfação

Fora da rede, a insatisfação também já tem espaço em programas das grandes redes de televisão americanas. O apresentador da Fox News Glenn Beck chorou ao vivo ao falar do momento atual dos EUA e perguntar, em seguida, se o telespectador estaria pronto para ser quem era no dia seguinte aos ataques terroristas às torres gêmeas do World Trade Center em Nova Iorque.

A pergunta era uma introdução para convocar a população a participar do "9-12 project", projeto que prevê uma volta de todos a 12 de setembro de 2001. A data foi escolhida pela organização do projeto por ser um momento em que o país estava unido para proteger os valores e princípios americanos.