O presidente eleito do Equador, Rafael Correa, disse na terça-feira que a instalação de uma Assembléia Constituinte poderia resultar em um pacto de longo prazo entre as forças políticas do país.
O líder nacionalista, de 43 anos, disse que sua ampla vitória no segundo turno da corrida presidencial no domingo e a derrota dos partidos tradicionais no pleito parlamentar de outubro são uma clara demonstração do cansaço da população com a atual estrutura administrativa e política.
Correa negou a tese oposicionista de que a convocação da Constituinte debilitaria ainda mais a governabilidade e agravaria as tensões políticas internas, que já levaram à destituição de três presidentes desde 1996.
- Hoje é menos inviável que antes. Com nossa vitória em algo se conseguiu um equilíbrio de forças e se pode chamar outras partes para conversar - disse Correa, que assume a Presidência em 15 de janeiro, a correspondentes estrangeiros.
Correa mostrou-se aberto a negociar os eixos desse pacto com as várias forças políticas do Equador. Ele defendeu ainda a independência das instituições democráticas e econômicas e um mecanismo que permita ao presidente dissolver o Congresso uma vez durante os quatro anos de mandato. São propostas que devem tramitar na Constituinte, que seria a marca do primeiro ano do governo Correa.
- Com esta vitória espetacular e esmagadora do povo equatoriano, não temos problema em sentarmos para conversar. A política reflete a relação de forças - disse Correa, que será o 13º presidente do país desde a restauração da democracia, há 27 anos.
Mas analistas duvidam da sua capacidade de obter um acordo político pleno, pois Correa estaria planejando estatutos que praticamente limitariam as vagas da Constituinte a seus seguidores.
A convocação da Constituinte não está prevista na Constituição, e por isso pode enfrentar oposição ferrenha do Congresso unicameral que toma posse em janeiro.
O presidente eleito disse que pretende driblar um eventual bloqueio legislativo convocando uma consulta popular sobre a instalação da Constituinte.
- Nossos representantes devem se submeter ao desejo da cidadania. Haverá um respeito absoluto, sem claudicar um milímetro em nosso objetivo, que é a Assembléia Constituinte.