A Assembleia Constituinte egípcia aprovou um artigo que limita o mandato presidencial a dois mandatos de quatro anos, acabando desta forma com o sistema que vigorou durante a ditadura de Hosni Mubarak, que ficou 30 anos no poder. O artigo, um dos 234 que estavam sendo votados ontem, foi aprovado na votação final, antes de o texto ser submetido a referendo. Entre outros pontos aprovados estão a necessidade de o presidente obter aval do Conselho Nacional de Defesa e do Parlamento para declarar guerra. A nova Carta manterá também os princípios da sharia, a lei islâmica, como principal base da nova legislação que vai reger o país.
O Egito vive dias conturbados, após decretos do presidente Mohamed Mursi, firmados na semana passada, que geraram uma onda de manifestações da oposição.
O decreto de Mursi desencadeou protestos de juízes, que entraram em greve e o acusaram de um "ataque sem precedentes contra o Judiciário", e da população. Desde sexta-feira da semana passada, manifestantes permanecem acampados na Praça Tahrir berço das manifestações da Primavera Árabe em protesto contra as medidas do presidente.
Ao menos duas pessoas morreram em choques com policiais e entre oposicionaistas e partidários do governo desde semana passada. A Irmandade Muçulmana marcou para o próximo sábado diversas marchas pelo país em apoio ao presidente.
Em seu decreto, Mursi demitiu o procurador-geral da república, convocou novos julgamentos dos acusados de responsabilidade por assassinatos de pessoas durante a Primavera Árabe e determinou que todas as suas decisões, desde o dia que foi empossado, estariam além de recursos na Justiça.