Nova Iorque (AE) Chamado pelo Ministério das Relações Exteriores a dar explicações por ter usado o termo pejorativo "cucarachos" numa reunião, na terça-feira, com líderes da comunidade brasileira na região sob sua jurisdição, o cônsul-geral do Brasil em Nova Iorque, Júlio César Gomes dos Santos, deu entrevista coletiva na quinta-feira à noite para lamentar publicamente ter usado a palavra. O diplomata, que em duas semanas deve assumir o posto de embaixador na Colômbia, reconheceu que o caso pode afetar tanto em seu novo posto como em sua carreira.
O descuido verbal do cônsul, que fez um apelo para os imigrantes brasileiros evitarem participar de manifestações com hispânicos, dizendo para "não se misturarem com os cucarachos" (cucaracha significa "barata" em espanhol). "Lamento profundamente ter lembrado essa palavra preconceituosa, discriminatória e fascista que, em absoluto, não reflete meu pensamento, minha formação nem minha maneira de ser, como homem e diplomata, ideológica e reconhecidamente latino-americanista", afirmou ele numa nota lida para os jornalistas.
Depois de ler o texto, com voz embargada e olhos lacrimejantes, Júlio César disse que se tratava de "um pedido de desculpas". Explicou também que sua intenção era enfatizar a necesssidade de os brasileiros manterem sua identidade. Há cerca de 400 mil brasileiros sob jurisdição do consulado de Nova Iorque, que engloba ainda os estados de Nova Jersey, Connecticut, Delaware, Pensilvânia e as Ilhas Bermudas.