Zurique - Cansada, dizendo que está há dias sem dormir direito, a cônsul do Brasil em Zurique, embaixadora Vitória Cleaver, admitiu estar "chocada e perplexa" com todo o caso de Paula Oliveira, que alega ter sido agredida por neonazistas. Vitória, que foi convocada pela polícia de Zurique para assistir a todos os interrogatórios da brasileira, disse que o governo brasileiro agiu certo ao reagir com firmeza após a polícia local ter levantado a hipótese de automutilação. Segundo a embaixadora, virou ponto de honra para a Suíça ir fundo na investigação, já que o país ficou marcado neste caso por acusações de intolerância, racismo e xenofobia.
"Neste momento, não existe nenhuma razão que leve o consulado a crer que a polícia está agindo de má-fé. Eles devem ter mais elementos do que eu no consulado. Estou chocada e perplexa, e aguardando o desfecho", disse.
A cônsul falou que, embora a polícia trabalhe com a hipótese de automutilação, "não tem uma posição conclusiva em relação às feridas". Segundo ela, é preciso dar um voto de confiança às duas partes até que tudo seja completamente esclarecido. Vitória não escondeu que ficou impressionada quando encontrou Paula e viu as feridas. "A Paula está bastante nervosa, traumatizada. A gente tem de dar um tempo até para ela ter as idéias mais claras."
A cônsul disse que as autoridades suíças mostraram cooperação. Ela não revelou detalhes dos interrogatórios de Paula, que presenciou. Ela soube dos primeiros resultados das investigações e dos exames minutos antes da entrevista, à qual assistiu. Segundo a cônsul, o pai de Paula conversou com a polícia de Zurique, com a ajuda de um intérprete colocado à disposição pelas autoridades locais.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura