Tegucigalpa - Os líderes do Congresso de Honduras decidiram ontem pedir a opinião da Suprema Corte sobre a possibilidade de restituir o presidente deposto, Manuel Zelaya, adiando a convocação de uma sessão chave para debater o futuro do líder. A decisão desafia o acordo fechado na semana passada entre os negociadores de Zelaya e do governo de fato, sob a mediação de Washington, cujo ponto central é que o Congresso decida sobre a volta ao poder do mandatário deposto.
A decisão da direção do Congresso não foi unânime. Três dos 13 membros votaram contra o pedido de opinião à Suprema Corte e tentaram fixar um prazo de 24 horas para que os órgãos consultados dessem seu parecer e, assim, pudesse ser convocada a sessão para votar o futuro de Zelaya.
"A maioria votou por enviar à Corte Suprema, mas houve votos contra dos que queriam que se votasse a restituição imediatamente", disse o deputado Marvin Ponce, do movimento Unificación Democrática, pró-Zelaya.
Os parlamentares estão em recesso devido à campanha eleitoral para as eleições presidenciais de 29 de novembro. Zelaya disse que se até quinta-feira não for restituído na presidência, a comunidade internacional não reconheceria as eleições gerais convocadas para 29 de novembro.
A votação poderia acabar com a pior crise política na América Central em décadas. O acordo também prevê a formação nesta semana de um governo de unidade nacional, mas o prazo depende da decisão dos líderes parlamentares.
A decisão da direção do Congresso incomodou a comissão de verificação da Organi zação dos Estados Americanos (OEA), que chegou a Tegucigalpa pouco antes da votação com a esperança da rápida aplicação de um acordo. Além disso, enfureceu centenas de simpatizantes de "Mel", como chamam popularmente o presidente deposto, que ameaçaram fazem uma manifestação em frente ao Congresso para pressionar por sua restituição.