Apoiadoras latinas de Donald Trump em comício em Dallas, Texas, em novembro de 2019| Foto: AFP
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Na eleição de 2012, o então presidente dos EUA, Barack Obama, obteve 71% dos votos dos latino-americanos, ajudando-o a selar a vitória sobre o republicano Mitt Romney. Os democratas e a imprensa posteriormente previram que a captura desse eleitorado por Obama – particularmente seu apoio entre os cubanos na Flórida – definiria um futuro claro para o partido. De fato, depois das políticas de aproximação do governo Obama e da viagem do presidente a Cuba em 2016, os democratas pensaram que atrairiam uma geração de cubanos para o seu lado.

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Essas previsões, no entanto, podem se provar mais prematuras do que prescientes. Uma pesquisa da Florida International University, divulgada no início de outubro, revelou que 59% dos cubanos no sul da Flórida dizem que votarão no presidente Trump em 2020. Além disso, de acordo com um relatório da Equis Research, as mensagens antissocialismo e antiesquerda de Trump ressoam entre os cubanos que chegaram aos Estados Unidos durante a crise de 1994, quando milhares fugiram da ilha em barcos.

Com base nesses dados, Giancarlo Sopo, diretor de resposta rápida para a Imprensa de Língua Espanhola da campanha de reeleição de Trump, vê outra mudança eleitoral em andamento. O presidente continua atrás de Joe Biden nas pesquisas do campo de batalha da Flórida – onde o voto cubano é mais crucial – Sopo, no entanto, afirma que esta é uma mudança que "sobreviverá à campanha de Joe Biden".

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Recentemente, ele conversou com a National Review para lançar luz sobre o que ele argumenta serem tendências políticas que alienaram cubanos e outros grupos hispânicos do Partido Democrata – e para discutir sua própria jornada pessoal, de democrata a apoiador de Trump.

Sopo cresceu com sua irmã em um modesto duplex em Little Havana, Miami, e foi um democrata moderado durante a maior parte de sua vida. Sua mãe solteira trabalhou por mais de 15 anos, economizando dinheiro suficiente para abrir um pequeno negócio, o que deu a ela condição para mudar a família para o subúrbio. Sopo menciona que sem acesso à escola pública e cobertura do Medicare para seus pais, a história de sucesso de sua mãe poderia não ter sido possível.

“O governo pode ajudar aqueles que não podem se ajudar de outra forma e investir em educação pública, estradas e serviços públicos. Mas você também precisa fornecer às pessoas uma longa pista para que elas possam decolar em busca de seus sonhos”, explicou Sopo. Isso é, em parte, o que o atraiu para a ala moderada do Partido Democrata quando ele era jovem: “Eu me importo mais com os pobres e com mecanismos para ajudá-los, tanto por meio de uma rede de segurança quanto de caridade privada”.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]

Por volta de 2015, porém, Sopo percebeu uma mudança na retórica do Partido Democrata. “Comecei a perceber que a mensagem do partido havia mudado do foco da era Clinton na igualdade de oportunidades para a desigualdade”, disse ele. Em 2018, depois que o presidente do Comitê Nacional Democrata, Tom Perez, considerou Alexandria Ocasio-Cortez o futuro do partido, Sopo se sentiu cada vez mais desconfortável em apoiar um partido “sequestrado pelos discípulos de Marx e Castro”.

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Essa mudança ideológica em direção ao socialismo não está apenas "afastando muitos cubano-americanos", disse Sopo, mas "muito da agenda do presidente Trump é realmente popular entre os hispânicos".

“Vemos a pobreza diminuindo em nossas comunidades, e nossa renda está atingindo recordes”, observou Sopo, citando um relatório de 2019 do gabinete do Censo americano. A taxa de pobreza entre os hispânicos caiu para o nível mais baixo de todos os tempos, 15,7%, durante o governo Trump. Dez anos atrás, a taxa era de mais de 25%.

“Quando você justapõe isso com narrativas da imprensa sobre os latinos – que somos eleitores de um único problema, que nos vemos como vítimas neste país – não é surpreendente que agora estejamos vendo uma mudança eleitoral que sobreviverá à campanha de Joe Biden”, disse Sopo.

A questão em aberto, entretanto, é se essa “mudança” envolverá amplamente o retorno dos eleitores cubanos ao Partido Republicano – ou é o presságio de uma tendência mais ampla entre os eleitores latinos.

Por enquanto, o Partido Democrata geralmente continua popular entre os hispânicos. Apesar do crescente apoio a Trump entre os cubanos do sul da Flórida, Biden tem mais apoio entre os latino-americanos do que Trump (62% contra 29 %) no campo de batalha do Arizona, de acordo com a pesquisa Equis Research. Nacionalmente entre os hispânicos, Biden detinha uma liderança de 62%-26% sobre Trump no final de setembro.

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A liderança de Biden entre os hispânicos, que é semelhante à de Hillary Clinton em 2016, pode diminuir enquanto o Partido Democrata e parte da imprensa pressionam por políticas ambiciosas, como o "desfinanciamento" da polícia. Os tumultos violentos que custaram vidas e mais de um bilhão de dólares em danos à propriedade “lembraram muitos hispânicos da agitação social que nossas famílias experimentaram na América Latina”, disse Sopo. “Isso não é algo a que estamos acostumados aqui nos Estados Unidos. Valorizamos comunidades seguras. Respeitamos a polícia; entendemos que eles estão mantendo nossa comunidade segura”.

Há também a questão da “cultura do cancelamento”.

Durante o verão, os manifestantes do Black Lives Matter importunaram os convidados que saíam da Casa Branca após a Convenção Nacional Republicana e abordaram o senador Rand Paul. Os democratas também se recusaram a condenar o boicote massivo à Goya Foods e ao CEO Robert Unanue, que elogiou Trump por ajudar os latinos empobrecidos. Ambos os incidentes “lembraram muitos cubanos dos atos de repudio que acontecem na Cuba de Castro, onde as pessoas são perseguidas por suas crenças políticas”, disse Sopo.

Mas enquanto Sopo reflete sobre sua jornada política de eleitor de Clinton em 2016 a diretor de campanha de Trump em 2020, ele ainda argumenta que há um distanciamento entre os políticos, a mídia e a família latino-americana média. “Amamos nossas famílias, nos preocupamos com nossas escolas e igrejas. Acreditamos no sonho americano e trabalhamos muito para prosperar. Políticos e repórteres de esquerda que não conseguem entender isso terão um brusco despertar”.

© 2020 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês.

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