| Foto: Evaristo Sá/AFP

Aliança com diferentes partidos já cria problemas

O governo de Fernando Lugo mal começou e as disputas internas pelo poder já começaram a pipocar. No mesmo dia em que foram empossadas as novas autoridades, o jornal La Nación publicou uma entrevista com o vice-presidente, Federico Franco, do partido Liberal Radical Autentico (PLRA), principal aliado de Lugo, na qual ele afirmou que não descansará até que o seu partido chegue à Presidência, em 2013.

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Entrevista com Jorge Samek,diretor-geral do lado brasileiro da hidrelétrica de Itaipu

O diretor-geral do lado brasileiro da usina de Itaipu, Jorge Samek, vem sendo abordado sobre as taxas da energia elétrica desde que o recém-empossado presidente paraguaio, Fernando Lugo, iniciou um duro discurso sobre os supostos baixos preços praticados pela energia gerada na usina. Em entrevista à Gazeta do Povo, Samek diz que qualquer alteração no contrato traria prejuízo ao consumidor brasileiro, mas descarta a possibilidade porque nenhuma mudança será feita unilateralmente – pelo contrário, Brasília aguarda uma visita dos vizinhos para apreciar as contas e o histórico do tratado binacional.

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Gazeta do Povo – O senhor esteve na posse de Fernando Lugo e teve mais de um encontro com a nova diretoria do lado paraguaio de Itaipu. Como estão as tratativas de transição dentro da binacional?

Jorge Samek – Eu me reuni com o novo diretor paraguaio (Carlos Mateo Balmelli), e durante quinta e sexta-feira discutimos as tratativas de início de trabalho. Como resultado, formalizamos um documento contendo dez pontos de gestão focando objetos que foram muito fortes na campanha de Lugo. Um dos mais importantes é a unificação dos procedimentos de remessa de documentos solicitados para prestação de contas. Sabe-se que os pedidos de informação da Câmara, Senado e demais órgãos de controle e fiscalização se tornaram um objeto terrível de campanha porque alegavam que não havia transparência, e nesse documento já conseguimos formalizar a prestação de contas.

Na campanha de Lugo tomou corpo a idéia de "soberania energética" e o aumento da remuneração paraguaia pela energia de Itaipu. Como está o andamento dessa conversa?

Na visita da posse, o próprio presidente Lula convidou o presidente Lugo para que, assim que sua agenda lhe permita, faça uma visita ao Brasil para estabelecer os pontos de discussão e colocar tudo na mesa. Teremos então a oportunidade de fornecer dados, explicar como a empresa binacional Itaipu já favorece ao Brasil e ao Paraguai, quanto que entra de royalties, quanto que entra de cessão de energia, quanto que é pago da dívida, por que a dívida e desse jeito, até quando vai essa dívida, enfim, eles vão fazer essa solicitação e nós vamos responder ponto a ponto. Depois de explicar tudo, no que pudermos melhorar, essa é a nossa intenção. O que não der para mexer, nós vamos explicar o porquê e qual a posição do Brasil.

A questão de investir em infra-estrutura energética do Paraguai ainda continua existindo?

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Isso continua em pauta, os projetos estão sendo estudados em conjunto. O Paraguai é um país que se desenvolve, e o crescimento deles é bom não só para eles, mas também para o Brasil e também para a América Latina.

Um economista dedicado à história do desenvolvimento do Paraguai ouvido pela Gazeta do Povo na terça-feira passada afirma que uma possível quebra do tratado prejudicaria mais o Paraguai que o Brasil, em função de o Brasil garantir o consumo da energia produzida e ser avalista da obra. O senhor concorda com essa visão?

Sim, é a tese que eu tenho retratada. Para arrumar essa equação que foi a Itaipu, passamos uma dificuldade do tamanho de um bonde, passamos por crises econômicas, tivemos que levantar dinheiro muitas vezes, naquele primeiro e no segundo choque do petróleo, nos endividamos... e isso tem de ser pago. Para fazer um procedimento de alterar qualquer tratado você precisa analisar o quadro completo, o conjunto da obra.

E dessa conversa o senhor espera que não haverá alterações radicais no quadro?

Vamos nos lembrar que em qualquer alteração, alguém vai pagar essa conta: o consumidor brasileiro. Então o preço da energia gerada em Itaipu tem que manter um nível que tenha proporcionalidade com a média de preço da energia no Brasil. E sim, estou absolutamente convencido de que vamos chegar a um bom termo.

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