Pelo menos 143 pessoas morreram e 300 foram hospitalizadas, 100 delas em estado crítico, por ingerir bebida alcoólica adulterada no estado de Bengala, leste da Índia, informou à Agência Efe o superintendente da Polícia regional, L.M. Meena.
Meena tinha calculado horas antes em 131 a quantidade de mortos. De acordo o superintendente, esse era o número até as 16h30 no horário local (9h em Brasília).
Em sua maioria, as vítimas são trabalhadores que consumiram a bebida alcoólica de fabricação caseira em postos de licores - a princípio foi divulgado apenas um estabelecimento - próximo à estação de trem da localidade de Sangrampur.
"Às duas da madrugada da quarta-feira, as pessoas começaram a vomitar e se queixaram de fortes dores de estômago", comentou um morador de Sangrampur à agência local "Ians".
Gravidade
O número de mortos já chegava a 50 na madrugada passada e a imprensa local afirmava esta manhã que poderia aumentar nas horas seguintes devido ao estado de extrema gravidade em que se encontravam alguns dos afetados.
De acordo com meios de comunicação indianos, a maioria das mortes aconteceu por problemas respiratórios e de insuficiência cardíaca.
Entre os mortos se encontram vários menores com entre 10 e 15 anos de idade, segundo declarou ao jornal "Indian Express" um médico do hospital Diamond Harbour, centro no qual foram internadas grande parte das pessoas afetadas pelo envenenamento.
A bebida alcoólica é conhecida localmente como "Cholai" e, segundo informaram fontes do distrito ao jornal, tinha sido fabricada em outras cidades e na própria Sangrampur.
Após ser conhecida a magnitude da intoxicação, moradores enfurecidos destroçaram na quarta-feira uma das lojas, que aparentemente tinha misturado a bebida com um produto químico não identificado.
As forças de segurança se mobilizaram para prevenir distúrbios na área, e detiveram sete suspeitos de ter participado da venda da bebida.
A chefe do Governo regional de Bengala, Mamata Banerjee, declarou à imprensa local que serão tomadas medidas drásticas contra a venda deste tipo de bebida ilegal.
Banerjee culpou o Governo anterior da região, liderado pelos comunistas, de fazer vista grossa perante o negócio ilegal de licor e detalhou que quando tentaram pôr fim a esta prática tiveram "que enfrentar a resistência de diferentes setores".
Alegação
Já o ministro de Saúde Pública da região, Subrata Mukherjee, alegou que se trata de uma problemática social difícil de controlar.
"Temos pouca responsabilidade neste caso, se trata mais do que nada de um mal social e todos devemos discutir este assunto para que possa ser erradicado", afirmou. O Governo anunciou que entregará 200 mil rúpias (cerca de 2.800 euros) às famílias dos mortos.
O canal de televisão local "NDTV" mostrou imagens de grupos de mulheres reunidas em uma aldeia que choravam a morte por intoxicação de vários homens, e uma viúva declarou que com a morte de seu marido ficava apenas com suas três filhas e um filho.
As vítimas pertencem a classes sociais mais desfavorecidas, que só conseguem comprar bebidas ilegais, muito mais baratas que as legais, sujeitas a elevados impostos.
A maior intoxicação registrada na Índia por consumo de álcool adulterado aconteceu em 1992 no estado oriental de Orissa, onde morreram 200 pessoas em um caso similar ao de Sangrampur.
Esta é a segunda tragédia que a região de Bengala vive em menos de uma semana. Na sexta-feira, 90 pessoas morreram, a maioria pacientes, em um incêndio em um hospital da capital regional, Calcutá, fato que as autoridades locais classificaram como "crime imperdoável" pela falta de medidas anti-incêndio no edifício.