O alemão Oskar Gröning, conhecido como “contador de Auschwitz” negou ontem ter interferido na seleção dos judeus que foram levados às câmaras de gás, um dia depois de admitir sua “cumplicidade moral” nos crimes do campo de extermínio nazista.
Gröning, de 93 anos, é acusado de cumplicidade na morte de 300 mil presos. Ontem, na na segunda audiência de seu julgamento, perante o Tribunal de Lüneburg, na Alemanha, ele negou estar “regularmente em serviço” no processo de seleção dos deportados considerados aptos para o trabalho e os que eram mortos após a chegada ao campo.
Ele disse que apenas em três ocasiões esteve na rampa onde havia essa diferenciação de categorias de presos em 1944, período no qual a Promotoria o acusa dos delitos. A acusação aberta na terça-feira tem como base o papel de Gröning durante a chamada “Operação Hungria”, na qual chegaram a Auschwitz (em território da Polônia) cerca de 425 mil deportados, dos quais aproximadamente 300 mil foram mortos.
Maquinaria da morte
Gröning entrou nas Waffen-SS, grupo de elite do regime nazista, em 1941 e um ano depois começou a servir em Auschwitz. Ele era o encarregado de confiscar os pertences dos que chegavam ao campo e enviá-los a Berlim. A Promotoria considera que, com isso, o “contador” contribuiu para financiar a maquinaria da morte do Terceiro Reich.
O julgamento penal foi aberto com uma confissão na qual Gröning admitiu sua responsabilidade moral e afirmou saber, desde sua chegada ao campo, da existência das câmaras de gás.
Na segunda audiência do processo começaram os primeiros discursos das testemunhas, algumas deles sobreviventes ou familiares das vítimas. Uma dessas sobreviventes, Eva Kor, de 81 anos e que perdeu vários parentes em Auschwitz, estendeu a mão ao acusado em um gesto de reconciliação.
Jurisprudência
O precedente imediato do julgamento de Gröning foi a condenação a cinco anos de prisão, em 2011 do ucraniano John Demjanjuk, que foi guarda voluntário no campo de Sobibor, também na Polônia ocupada. Com essa sentença, foi criada uma jurisprudência para julgar, por crimes de guerra, não só os que trabalharam diretamente nas mortes, mas também os considerados cúmplices de máquina da morte nazista.
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