Mais de 1 milhão de alunos voltaram às aulas na semana passada na Espanha. Por causa da crise, no entanto, as escolas do país têm vivido um período de instabilidade. Segundo estimativas do jornal El País, o Ministério da Educação assinou a demissão de cerca de 2 mil professores, além da redução nas bolsas de estudo e o aumento na carga horária de outros docentes.
O conturbado início do ano letivo ainda coincidiu com a publicação do relatório da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), que coloca a Espanha como país europeu com mais jovens fora da escola e sem emprego. Segundo o documento, 23,7% dos espanhóis de 15 a 29 anos são desocupados.
"A crise piorou a situação da educação na Espanha, que não era das melhores", diz Maria Beatriz Luce, professora de Políticas de Educação na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Segundo ela, o país nunca teve altos índices educacionais, mas os cortes do governo a longo prazo podem trazer consequências sérias.
"O governo não pode diminuir gastos a ponto de tirar crianças da escola. Mas existe o problema dos professores terem mais alunos por sala, ter menos assistentes sociais e existir o corte em passeios fora de sala de aula", explica Maria.
Estevão Martins, historiador da Universidade de Brasília (UnB), por sua vez, diz não acreditar que esses cortes possam ter impacto muito significativo. "A situação na Espanha não é tão assustadora. As medidas do governo buscam não recontratar falecidos, aposentados e demitidos. Isso já dá conta do número de demissões."
Para o administrador Edman Altheman, diretor-geral das Faculdades Rio Branco, afirma que o número de jovens desocupados é consequência direta do crescimento econômico da Espanha antes da crise. "Os jovens espanhóis passaram a se dedicar ao trabalho em áreas como o turismo, que não necessitavam de educação avançada. Quando veio a recessão, eles ficaram sem estímulo para voltar ao estudo."