O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, entregou ontem ao Congresso pedido de declaração urgente de estado de exceção por 60 dias em 5 dos 17 departamentos (estados) do país. A medida tem como objetivo facilitar a captura de membros do grupo guerrilheiro Exército do Povo Paraguaio (EPP), que desde 2008 realiza sequestros para obter dinheiro.
Na quarta-feira, um ataque do EPP a uma fazenda deixou quatro mortos, entre eles um policial e três empregados da estância. A Câmara de Deputados deverá votar o pedido do estado de exceção ainda hoje.
"É possível garantir que com a declaração do estado de exceção as forças militares terão ampla liberdade de atuar, para que volte a paz e esses delinquentes do EPP sejam capturados e postos à disposição da justiça", afirmou Lugo após uma reunião com o senador Miguel Carrizosa, do partido opositor Pátria Querida. Carrizosa é o atual presidente do Congresso.
Pelo documento apresentado por Lugo, o estado de exceção terá validade nos departamentos de Amambay, San Pedro, Concepción e Alto Paraguai, no norte do país, e também no de Villa Hayes, no noroeste.
O EPP é uma dissidência do partido de esquerda Pátria Livre, que não tem representação no Parlamento. O grupo ficou conhecido em 2008, quando sequestrou um fazendeiro em San Pedro. No fim daquele ano, o EPP incendiou um posto militar.
No ano seguinte, outro fazendeiro foi sequestrado, no departamento de Concepción. Pela liberação dos dois reféns, o grupo cobrou US$ 700 mil, segundo a promotoria antissequestro paraguaia.
O vice-ministro do Interior, Carmelo Caballero, anunciou ontem que 16 membros do grupo já foram capturados.