Curitiba Poucos se arriscam a conjecturar sobre como vai ser o governo de Ollanta Humala, caso ele vença as eleições presidenciais no Peru. Com um plano de governo bastante limitado e aparentes contradições em seus discursos, Humala afirmou durante a campanha que pretender aumentar os impostos cobrados das multinacionais e quer realizar uma estatização das indústrias no país. Ao mesmo tempo, disse que manterá o acordo de livre comércio negociado por Alejandro Toledo com os Estados Unidos a ratificação do pacto ficará a cargo do novo presidente.
Para o Brasil, o Peru é estrategicamente importante porque representa uma saída ao Oceano Pacífico e, portanto, acesso ao mercado asiático. Toledo e Lula firmaram um acordo para a criação de um corredor que liga a região centro-oeste brasileira até a costa do Peru.
"Caso Humala vença as eleições, é possível que este acordo corra riscos. Hoje, o mundo globalizado implica em parcerias empresariais absolutamente estratégicas. E o goverrno é o indutor disso. Se ele [Humala] não respeitar decisões dos governos anteriores, ninguém vai querer investir no país. Quem vai ter o entusiasmo em investir para passar por constrangimentos no futuro?", avalia o presidente do Conselho Empresarial Brasil-Peru, Miguel Ignatios.
Embora o Brasil não tenha uma relação comercial tão forte com o Peru quanto com outros países da América Latina, empresas importantes realizam negócios no país, como a Vale do Rio Doce, o grupo Votarantin, a Petrobrás e a Natura.
Se o nacionalista Humala representa a dúvida, Lourdes Flores, a candidata pró-negócios, seria a certeza para o empresariado brasileiro de que os negócios no Peru continuariam sem a quebra de contratos ou a intervenção do poder público.
Para Ignatios, uma vitória do ex-presidente Alan García seria uma alternativa "menos ruim", se comparado a Humala. Ainda que a situação da economia mundial fosse outra quando governou, entre 1985 e 1990, Garcia terminou seu último ano de mandato com a inflação no país alcançando os 7.000%.
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