Paris A batalha que se trava nas urnas hoje é essencialmente em torno do modelo de contrastes. A revista Le Point fez um levantamento dos beneficiários desta França generosa que não aumenta a riqueza nacional na mesma velocidade que crescem as despesas com o setor social e chegou à conclusão de que vários segmentos da população e da economia ganham com isso. Setenta por cento da renda dos agricultores vêm dos cofres públicos há 730 tipos de ajuda às empresas. Ao mesmo tempo, os empresários se queixam de encargos elevados e muitos impostos.
O resultado é que os franceses vêem outros países crescendo mais rápido e se perguntam por quê. Ségolène diz que não quer uma sociedade dependente de ajuda para tudo. Mas para seus críticos, seu programa não muda a situação: ela quer manter a lei que limita o trabalho em 35 horas semanais, promete aumentar o salário mínimo, abolir o contrato mais flexível de trabalho nas pequenas empresas, e quer criar 500 mil empregos subsidiados para jovens recém-formados. Tudo isso, sem aumentar impostos, num país endividado. Sarkozy quer reduzir impostos, flexibilizar as leis trabalhistas e fazer os franceses trabalharem mais.
Para o filósofo Marcel Gauchet, o que incomoda os franceses é a falta de resposta dos políticos, de direita ou esquerda, à questão central da globalização. "Não é a questão da imigração a prioridade dos franceses, é a transformação profunda do contexto internacional: o que vamos ser neste mundo que não une mais? Ninguém soube responder de forma convincente", disse.
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