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ENTREVISTA

Controle total pode evitar danos maiores

Monitorar as estruturas que podem impedir o vazamento de material radioativo e controlar a emissão de vapor na atmosfera são os procedimentos necessários para se evitar danos maiores causados pela usina de Fukushima, avalia o diretor da Associação Brasileira de Energia Nuclear (Aben), Francisco Rondinelli. Confira os principais trechos da entrevista à Gazeta do Povo:

O que precisa ser feito para neutralizar a usina de Fukushima?

O procedimento até agora foi o adequado: primeiro resfriar a usina, depois controlar a pressão do reator e injetar água de resfriamento por meio de outros mecanismos. Tiveram de trazer outros geradores e normalizar alguns. Só que em função da demora para neutralizar a temperatura, continua sendo liberado vapor para aliviar a pressão. Isso tem de ocorrer dentro de limites de segurança. O que não pode é haver uma liberação indefinida, indeterminada desse vapor.

E se essas medidas não surtirem efeito?

A preocupação é ter havido fusão dos elementos combustíveis, o que até já pode ter acontecido. Mesmo assim, para conter esse material, você tem o vaso do reator e o prédio de contenção, que é de aço e concreto. Tem que monitorar para ver se realmente essas estruturas estão funcionando. Se houver um caso extremo de rompimento do vaso do reator, espera-se no mínimo que a contenção de concreto e aço faça o trabalho para o qual foi construída, que é o de impedir o escape de material radioativo para o meio ambiente.

O projeto de Fukushima não deveria prever um terremoto dessas proporções?

Se considerarmos só o terremoto, funcionou: as usinas suportaram um impacto de magnitude planetária. O arquipélago do Japão se deslocou em função do terremoto, então é coisa violentíssima. Mas houve uma pane elétrica e, com o tsunami, rompeu-se a estrutura dos tanques de combustível dos geradores que fariam o sistema de resfriamento continuar operando. O problema então foi com um componente terciário, que também foi projetado para aguentar isso, mas não com essa intensidade.

E o setor, como fica?

Ainda é preciso ter uma real dimensão dos desdobramentos. Os países estão declarando que vão reavaliar a questão da segurança de suas usinas. Hoje em dia, quem tem energia nuclear não tem outra opção. É uma questão de política de desenvolvimento. Nós do setor acreditamos que, no caso de Fukushima, todas as medidas de segurança estão funcionando para resolver esse problema.

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