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Crise

Controles de capital começam a afetar importações na Grécia

“Se os bancos não abrirem na próxima semana ou nos próximos dez dias, vai ser difícil continuar operando”, diz o dono de uma butique de óculos grega. | YANNIS BEHRAKIS/REUTERS
“Se os bancos não abrirem na próxima semana ou nos próximos dez dias, vai ser difícil continuar operando”, diz o dono de uma butique de óculos grega. (Foto: YANNIS BEHRAKIS/REUTERS)

Em meio a uma tumultuada temporada turística, as butiques de óculos de Antonis Tartaras em Atenas e Corfu estão com estoques suficientes para apenas uma semana. Ele deve a seus fornecedores estrangeiros um total de 20 mil euros pela última entrega de óculos escuros e o controle de capital está tornando o pagamento da dívida impossível.

“Se os bancos não abrirem na próxima semana ou nos próximos dez dias, vai ser difícil continuar operando”, diz ele.

Os controles de capital na Grécia ainda não parecem ter impactado significativamente as importações do país, que alcançam US$ 64 bilhões por ano especialmente em itens como comida, medicamentos e combustível. A manutenção tem sido possível graças a mecanismos de segurança estabelecidos há muito tempo em meio a anos de instabilidade econômica. Para itens não essenciais, porém, particularmente itens de luxo, os importadores estão começando a sentir o aperto.

Em meio ao alto desemprego e as longas filas nos caixas eletrônicos, o apuro desses pequenos comerciantes pode parecer sem consequências para o grande estado de coisas. Mas a recente dificuldade deles em conseguir mercadorias pode ser um aviso dos desafios por vir para outros importadores mais cruciais se os controles não acabarem em breve.

Ao longo de anos da crise econômica grega, exportadores relevantes e seus consumidores se tornaram bastante dependentes de bancos e de outras instituições, inclusive de agências internacionais e seguradoras, para garantir pagamentos.

Muitos importadores gregos obtiveram letras de crédito de seus bancos locais, que depois buscam a garantia de um banco estrangeiro que essencialmente concorda em pagar o exportador se o consumidor grego e o banco grego não o fizerem.

Bancos internacionais, porém, já estão pedindo colateral para essas garantias, de acordo com Michael Spiegel, chefe da área de finanças e comércio exterior do Deutsche Bank. Em meio ao controle do capital, esse valor correspondente ao colateral só pode ser transferido de um banco grego para sua contraparte estrangeira se houver autorização do governo. Em casos similares nos mercados emergentes, governos somente concederam autorizações excepcionais para bens básicos como combustível, alimentos e medicamentos, comenta Spiegel.

Executivos em grandes companhias de consumo europeias disseram que até o momento as exportações para a Grécia não foram afetadas. A Nestlé disse que continuaria a fornecer para a Grécia. “Estamos monitorando o cenário e cuidadosamente e vamos nos adaptar se necessário”, disse a companhia.

Outra opção para exportadores se protegerem do não-pagamento são os seguros privados. No caso da Grécia, há três importantes seguradoras europeias no mercado: Euler Hermes Group, Atradius NV and Compagnie Française d’Assurance pour le Commerce Extérieur, or Coface. Euler Hermes e Atradius disseram que estão aguardando o desenrolar do plebiscito Grécia e a Coface não quis comentar.

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