Os democratas, que realizam a partir de hoje uma convenção na Filadélfia, na Pensilvânia, para oficializar a nomeação de Hillary Clinton como candidata à Casa Branca, sabem exatamente o que querem: evitar as turbulências que marcaram o encontro republicano na semana passada.
O objetivo é, com a unidade do partido, mostrar otimismo. E, assim, tentar reverter o mau momento nas pesquisas, nas quais a democrata tem perdido espaço devido à onda de violência racial no país e ao aumento de sua rejeição na esteira do escândalo dos e-mails de quando era secretária de Estado.
Ao mesmo tempo, tentam atrair os jovens que apoiaram o pré-candidato Bernie Sanders nas primárias – com o que tem sido propagandeado como “o mais progressista programa da história do partido”.
Além do apoio de Sanders – com quem a ex-primeira-dama disputou intensamente a candidatura –, a campanha de Hillary Clinton conta com um time dos sonhos de oradores, como o presidente Barack Obama, no que deve ser seu último grande discurso na Presidência, e o marido, o ex-presidente Bill Clinton.
Outras estrelas democratas também devem reforçar a mensagem de união em torno de Hillary, que pode se tornar a primeira mulher a governar os Estados Unidos, entre eles o vice-presidente Joe Biden, e governadores e senadores populares nacionalmente e com potencial de empolgar os movimentos sociais.
Isso, por si só, já mostra um contraste importante com os republicanos, que não contaram com grandes nomes da legenda no evento de Trump – pelo contrário, uma de suas estrelas, o texano Ted Cruz, orientou os republicanos a votarem de acordo com a sua consciência, ou seja, não pediu votos para o controverso magnata.
“Esta é a campanha mais à esquerda do Partido Democrata. A campanha de Hillary aceitou 80% das propostas de Sanders, e ela precisa deste apoio forte para se contrapor ao populismo de Trump”, afirmou Beatriz Cuartas, professora e diretora da Universidade George Washington, que acredita que a falta de detalhes das propostas do republicano serão um problema para ele na eleição.
“Também vemos a máquina democrata muito mais azeitada: a campanha de Hillary está preparada para ganhar.”